TOP 5 - Meus Rejeitados Favoritos

Olá, galerinha da pesada que apronta altas confusões!

Cá estou para abrir meu coração para vocês.
Eu sou Team Rejeitados, gente. Sempre fui. Não sei o que isso diz sobre minha personalidade mas é quase certo que se tiver uma sugestão de triangulo amoroso na história, gamarei no cara que a mocinha não vai escolher. MUITO SELADO, CARA!
E o que dizer sobre melhores amigos de friendzone?! Meu tipo. Meu número.
COMO É QUE PODE UMA COISA DESSAS?! 

Meus rejeitadinhos, nhon ♥

Obviamente que isso não é uma regra imposta, mas é incrível como, na maioria das vezes, é tiro e queda.
A literatura está cheia desses personagens mal amados, mas essa leitora aqui está de coração aberto para todos eles. *Abraça*
Pensando no assunto, resolvi fazer uma pequena lista com meus 5 rejeitados favoritos do mundo literário.
Me acompanhem:

1. Adrian Ivashkov:


Temos o primeiro vislumbre de Adrian Ivashkov no livro 2 da série Academia de Vampiros, "Aura Negra". Adrian é um personagem completamente fora do comum! Como sobrinho-neto da rainha, ele é mimado, tratante e sempre tem uma boa resposta para dar. Mas o "quê" a mais de Adrian vem de sua personalidade... complicada. Ele, definitivamente, não é uma pessoa fácil de conviver mas TÃO ADORÁVEL, GENTE!!! E claro que ele vai gamar na garota errada. Obvio. E o pior é que nem posso culpar Rose porque quem está no páreo é Dimitri Belikov. GENTE, É REALMENTE DIFÍCIL ESCOLHER, SABE. Adrian é muito intenso e suas ações e falas refletem isso. Meu Deus, melhor personagem do mundo! Cês precisam conhecer!
(Adrian é o protagonista da série "Bloodlines", já lançado no Brasil pela Editora Seguinte. ANOTEM AÍ PARA LER, GENTE!)


2. Simon Lewis


Simon é personagem mais legal da série Instrumentos Mortais. Anotem logo aí: Simon rainha, Jace nadinha.
Simon é o melhor amigo nerd de Clary, a protagonista. Eles se conhecem desde crianças e adivinhem? Ele é apaixonado por ela. Aí aparece o shadowhunter problemático e tudo vira JacZzzzZZzz. Tive vontade de ir para a porrada com Clary várias vezes e a maioria envolvia a relação EXTREMAMENTE passional que ela criou com Jace e as mancadas que ela dava com meu pobre Simon. Ok, Jace pode ser meio anjo e meio humano mas SIMON TEM UMA BANDA E AS MELHORES CAMISETAS, TÁ?!
Não consigo compreender essas protagonistas, doido.


3. Sebastian

Vamos pôr as cartas na mesa: vocês prefeririam um magi de fuego ou um guardião caladão?! Claro que magi de fuego, porque vocês são normais, mas Maya não é. Ok, o sétimo guardião é uma gracinha, todo misterioso e tal mas se vem um homi poderoso, QUE É LÍDER DOS MAGIS DE FOGO, chegando todo Tchan tchan tchan e toma toma toma (♪) cês não iam?! Claro que iam. Não precisam ser fazer de difíceis não (OUVIU, MAYA?!).
O universo de Contos de Meigan nem dá muita margem para romance, pois acontecem várias coisas ao mesmo tempo com uma intensidade louca, mas eu sou shipper, migos. E shipper nasceu para shippar, certo? Certo.
Deixo-vos meu team Sebastian aqui para vocês. Beijo no coração.


4. Jacob Black 

Na eterna batalha de team Jacob x team Edward, sempre fui aquela que sofri. Cês já perceberam como as team Edward são hostis?! Pois é. O fato é que meu lobo nasceu para SER REI, ESSE LINDO! E olhem que curioso: amo Jacob por causa de Bella. Na narrativa, (a partir do livro 2, "Lua Nova") ela dizia que ele era seu sol, que ele sempre estava lá, que ele era um porto seguro. COMO NÃO AMAR A CRIATURA? E mesmo ele sendo tudo isso e muito mais, ela o preteriu *Suspiros*.  Só quero deixar claro que o fato de eu ser team Jacob não significa que eu o shippava com Bella. Nunca shippei pelo simples fato de: ELA NUNCA O MERECEU, ESSA MALDITA! Ok, Bella é de Edward e Jacob é meu. Vida que segue. 


5. James Carstairs

James para vocês, Jem para mim porque já somos íntimos. JEM CARSTAIRS É A MELHOR PESSOA/NEFILIN QUE VOCÊS CONHECERÃO NA VIDA. TOMEM NOTA DISSO AÍ. Muito sério, como pode um ser maravilhoso desse ser criado para... não ficar com a moça. GENTEN. Ok, nesse caso nem posso colocar a culpa em Tessa, mas a escolha dela já era tão obvia, mesmo antes do cruel destino (que atende pelo nome de Cassandra Clare, nesse caso) se impor. Se existe um personagem nesse mundo de Deus que merecia ser feliz, seria Jem. Não consigo nem mensurar a grandeza que ele possui para expor para vocês, amigos. Ele é tudo de melhor que há em uma pessoa, com uma dose extra de gentileza. TE AMO, JEM! E SEMPRE VOU TE AMAR! ♥


Bem, existem outros rejeitados pela ficção que sou caidinha, mas como a lista precisa ter um pouco de controle, mostrei esses 5 para vocês. 
Me contem, cês conhecem essas histórias? Vocês conhecem esses personagens?! Com alguns deles, MUITA COISA ACONTECEU. Tipo, voltas em 360°, sabe. Acho que vocês precisam correr para o abraço e conhecê-los urgentemente! 
Se tiverem outros rejeitados aí, comentem aqui pra saber se sou team eles.

Beijo doce e até a próxima! ;)
Por Fernanda Karen

Estímulo ao desapego - Especial PA Book Club

Olá, leitores!

Qual a opinião de vocês sobre empréstimos de livros? 
Não?
Nunca? 
Jamais?
Risos?
Poupe-me? 
Sai?! 

Particularmente, acho uma prática muito saudável. Eu, Fernanda, não tenho problema nenhum de emprestar meus livros. Até gosto. Quando uma leitura me encanta, quero que outras pessoas a conheçam também! Quero fazer a obra ser conhecida e criar um fandom por perto para assim dominarmos o mundo, MWHAHAHAHAHA.
Assim como doar sangue, emprestar livros é um ato de amor. E pensando nisso, o lindo e maravilhoso grupo do PA Book Club vem com uma proposta para vocês (principalmente pessoas de Belém, mas já é uma ideia para vocês de outras cidades). 

Já foi exposto em alguns posts que nós, aqui em Belém e região metropolitana, temos um clube do livro. Nos reunimos duas vezes ao mês, em duas livrarias da cidade, e os encontros são enriquecedores e extremamente agradáveis. Temos encontros livres e temáticos em meses intercalados. 
Os encontros temáticos tem o objetivo de estimular o leitor a sair de sua zona de conforto e se permitir conhecer um gênero novo que, talvez, ele não tenha tanto contato ou, quem sabe, até algum tipo de resistência. A proposta tem dado muito certo desde que a incorporamos nos encontros.


Chega a ser muito engraçada a nossa Bela ♪


No entanto, decidimos ousar mais. Nesse último PA Book Club (domingo, 21/06/15) foi decidido uma dinâmica diferente para o encontro temático do mês de agosto. 
Um dos integrantes do grupo, Arthur Medeiros (beautiful and dangerous feelings), sugeriu uma dinâmica de empréstimo de livros. "WHAT?! EMPRESTAR MEUS LIVROS?!" *Risos irônicos* 
Apaga o facho aí e vem ver do que a sugestão se trata.

Em síntese:
Cada leitor escolherá um livro de sua biblioteca pessoal para trocarmos em forma de empréstimo entre nós, do grupo. Será realizado um sorteio através de um aplicativo que vai escolher as pessoas aleatoriamente para sabermos para onde nosso livro irá. Teremos todo o mês de julho para lermos o livro do colega e no encontro de agosto do PA Book Club, cada um falará sobre o livro que pegou emprestado do outro integrante e porque gostou (ou não gostou, de forma respeitosa, claro). Devolveremos os livros aos donos e todos sairão felizes.
É importante constar que, quem se propor a participar, deverá ter cuidado e responsabilidade com o livro do coleguinha.

Essa dinâmica de empréstimo será mais uma forma de estímulo à leitura e, ao mesmo tempo, de desapego para você, querido amigo. 
Sei que muitas pessoas tem receio de emprestar seus livros, talvez por alguma experiência ruim no passado, ou por pura viadagem mesmo, sei lá, mas o fato é que o ato de fazer o livro circular também é uma forma de estimulo à leitura. 
Comentei sobre a importância do acesso aos livros no post que fiz sobre o Dia mundial do livro e, acreditem, emprestá-los é uma forma de promover o bendito acesso.
Não estou aqui para forçar ninguém a sair por aí emprestando seus livros que custaram dinheiro, sim, porque nada é de graça. Mas tentem olhar por uma perspectiva diferente o ato de emprestá-los, tá bem? Tá bem.

Agora, especialmente para você que costuma frequentar os encontros ou que tem a intenção de ir no próximo e quer participar da dinâmica, algumas regrinhas feat apelos:  
- Você precisa estar certo que poderá ir ao encontro do dia 04 de julho, na FOX Vídeo ou no dia 19 de julho, na Saraiva (darei as coordenadas em breve na página do PA Book Club no facebook), pois serão os dias das trocas. Você pode até combinar antecipadamente com quem fará o empréstimo. 
- Deixe seu e-mail nos comentários aqui no blog. Será mais fácil para fazer o sorteio se concentramos todos os endereços eletrônicos em um só lugar. 
- Decidiu participar? Ótimo! Você terá até o dia 28 de junho para colocar seu e-mail nos comentários. 
- Quando o livro do colega estiver em suas mãos, seja zeloso. Em outras palavras: não amasse, não risque, não molhe, não dê de lanche ao cachorro ou não faça nada para atrair armas letais ao seu encontro (donos de livros são potencialmente perigosos). Tenha o mesmo cuidado que você quer que o coleguinha tenha com o seu livro (empatia feelings). 
- Leia de mente aberta. Talvez o livro que vá para suas mãos não seja o que você quer realmente ler, mas lembre-se que é uma experiência nova para estimulá-lo a sair da sua zona de conforto. Talvez você se surpreenda! 
- Caso você não goste do livro que lhe for emprestado, seja respeitoso na hora de dar sua perspectiva. Grosseria é feio, amigos. Anotem isso aí. 
- Devolva o livro do coleguinha da forma que ele lhe emprestou. Talvez você possa deixar um bilhete de agradecimento ou de "valeu a tentativa, cara, mas nop". O importante é a intenção. 

Lembre-se: você escolherá o livro que irá disponibilizar. Então se tens uma primeira edição de um livro raro... bem, fica AO SEU CRITÉRIO se o fará circular. 
Faremos a troca no mês de julho. Ou seja, teremos dois momentos de boas oportunidades: o encontro do dia 04, na FOX Vídeo e o encontro do dia 19, na Saraiva. 
Quem quiser fazer parte dessa experiência, será muito bem-vindo! 
ESTOU ANSIOSA!

Tunchz tunchz tunchz

Essa será a nossa primeira tentativa de fazer algo do gênero nos encontros e estou curiosa para saber no que vai dar. Então, vamos nos esforçar para dar certo, ok? ♥
Para quem não tem tanta coragem de emprestar seus livros, ninguém irá julgá-lo (só um pouquinho) e você poderá participar do encontro, sem problema nenhum, e falar sobre o livro que quiser. Ou talvez você queira pegar aquele livro que alguém lhe emprestou e ainda está na sua estante. Olha aí, a ideia pode ter várias ramificações. O objetivo do PA Book Club é compartilhar sobre livros e não queremos, de forma alguma, fugir disso. 

Ah, e você que não é de Belém, mas que estará de passagem pela cidade, será muito bem-vindo à participar do encontro. Curtam a página aqui para ficarem por dentro de datas e horários. 
Em breve darei mais notícias!
Até! * Dá tchau de miss enquanto some na fumaça* 

Por Fernanda Karen

Eu Li: Apenas Um Ano - Gayle Forman

Título:
Apenas Um Ano
Autor:
Gayle Forman
Editora: 
Novo Conceito
Onde Comprar:
Submarino | Saraiva | FNAC

Apenas Um Ano - Em Apenas um Dia, os momentos de paixão entre Allyson e Willem foram interrompidos de maneira abrupta, lançando a jovem em um abismo de questionamentos e dor. Agora a história é contada pela voz de Willem. Sem saber exatamente o que o atraiu na garota de olhos grandes e jeito comportado, o rapaz inicia uma busca obsessiva por pistas que levem até a sua Lulu mesmo sem saber sequer o seu nome verdadeiro.
Enquanto tenta compreender o mistério que os separou, Willem se esforça para costurar relacionamentos desgastados e procura respostas para o futuro. Mais do que uma aventura de verão, o encontro em Paris significou para ele o início da vida adulta. Da mesma autora dos best-sellers Se Eu Ficar e Para Onde Ela Foi,
Apenas um Ano reúne todos os ingredientes de um romance imperdível: viagens, saudade, encontros, desencontros e amor.

Não sei mais o que fazer com os livros de Gayle Forman. Fico tão repetitiva ao constar sobre sua deliciosa narrativa, sobre suas histórias no ponto certo de sentimentalismo, nos seus personagens adoráveis. Acho que poderia simplesmente escrever várias vezes nessa resenha a frase “LEIAM ESSE LIVRO”, tal como Bart no quadro de The Simpsons. O sentimento é esse. 
Acho que não serei mais superficial ao declarar que amo Gayle Forman. Afinal, esse já é o 4º livro que leio da autora e não tive nenhum tipo de decepção; só algumas lágrimas e muito amor.

“Apenas um ano” nos dá a perspectiva de Willen para o grande intervalo de tempo que ficamos com Allyson em “Apenas um dia”. No primeiro livro, Allyson passa por várias transformações motivadas especialmente por aquele dia em Paris que ela passou com Willen. No entanto, ele sumiu sem deixar rastros e eu fiquei, juntamente com Allyson, tentando descobrir o porquê. 
Gayle Forman nos fornece todas as respostas que ficaram em aberto em “Apenas um dia” e em “Apenas um ano” acompanhamos Willen em suas viagens sem destino e o conhecemos mais intimamente. Suas dúvidas, seus conflitos, sua total confiança no acaso... conhecemos um Willen mais humano com toda a fragilidade que todos nós acarretamos, por mais que neguemos.

“- O vento me trouxe até aqui.
- O quê? Como um saco plástico?
- Prefiro pensar em mim como um navio. Como um barco a vela.
- Mas barcos a vela não são levados pelo vento; a força deles vem do vento. Há uma grande diferença.
(...)
- Dá para fugir de alguma coisa quando não se tem certeza do que se está tentando fugir?
- Dá para fugir de absolutamente qualquer coisa... Mas isso parece um pouco complicado.”

Mais do que isso, observamos seu crescimento como pessoa e a evolução de suas perspectivas. Aquele dia o marcou de forma permanente também e Willen passou muito tempo procurando por Lulu (Allyson) e pela plenitude que ela ofereceu. 
É maravilhoso acompanhar um personagem cativante com uma visão de mundo tão ampla. Viajamos com ele, quase que literalmente, por vários países e dá uma vontade tão grande de pegar uma mala e sair por aí sem rumo. Não é interessante quando livros despertam vontades completamente fora de nossa personalidade? Ainda bem que passa com a próxima leitura.

Depois daquele dia, um ano se passa com novas experiências e novos aprendizados.
Willen tem problemas sérios, e internos, que precisam ser resolvidos. Lulu foi o fator motivacional para proporcionar as mudanças que Willen precisava para superar algumas barreiras que, há mais de 3 anos, o impediam de voltar para casa. 
Para quem não lembra, antes de ir para Paris com Lulu, Willen estava prestes a voltar para Holanda, mas decidiu se atrasar um dia para apresentar a cidade luz à garota. E apenas um dia mudou completamente tudo. 

Amei a capa que a Editora Novo Conceito trouxe para o Brasil, mas diferencia da capa de “Apenas um dia” que foi lançado anteriormente. Isso me aborrece um pouco mas, admito, poderia vim a capa que viesse, eu precisaria ter esse livro comigo. 
  
“Apenas um ano” é uma linda leitura e me despertou bons sentimentos e me proporcionou um ótimo tempo. Fora a delicia que o enredo é, ainda temos várias referencias a Shakespeare, como em “Apenas um dia”. 
Gayle Forman tem uma narrativa apaixonante que já favoritei para a vida. Em breve, teremos mais livros da autora no Brasil e estou muito ansiosa por um pouco mais de amor! ♥


Leiam esse livro *like Bart no quadro*

Por Fernanda Karen

Eu Li: Olho de Boto - Salomão Larêdo + PROMOÇÃO! YAY!


Título:
Olho de Boto
Autor:
Salomão Larêdo
Editora:
Empíreo
Onde Comprar: 
Submarino | Saraiva | FNAC

UM ROMANCE HOMO(AMA)ZÔNICO.
Inacha é um povoado pacato e ordeiro da floresta amazônica, onde ninguém contesta o poder do regime militar recentemente implantado no Brasil. Porém, tudo muda quando um acontecimento grandioso é agendado: dois homens decidem se casar, décadas antes do mundo discutir os relacionamentos homoafetivos.
Inspirado em fatos reais, Salomão Larêdo apresenta um romance contestador, que deseja disseminar o amor livre por todos os lugares e criticar a incompreensão e a violência comuns numa terra tão afastada da civilização.


Recorte de jornal anunciando o casamento entre homens no interior do Pará.
Dessa vez foi a A Província do Pará em 29/12/1967 – 2ª página

“Olho de Boto” é o primeiro livro de Salomão Larêdo que leio (o autor tem mais de 40 livros!) e, confesso, não apenas a temática me chamou bastante atenção como também o fato de o livro ser baseado em fatos reais (vide o recorte de jornal acima). Atualmente, muito se fala a respeito de relações homoafetivas e podemos ver com muita clareza o impacto que tais discussões estão causando. Como já comentei nas resenhas que fiz sobre os livros de David Levithan, é notório que personagens homossexuais estão enfim tomando espaço e considero de uma riqueza inestimável para a representatividade que nós, leitores, nos identifiquemos com os personagens das histórias que lemos. Claro que ainda temos personagens homens, brancos e héteros, mas toda forma de particularidade/singularidade é importante.


O que Salomão Larêdo traz com “Olho de boto” é uma história muito interessante e fora do padrão considerado comum de narrativa. Como paraense, percebi muitos traços regionais no livro e adorei me sentir próxima da minha cultura com alguns termos que, aposto, só paraense vai ler sem estranhar. O fato é que a obra é nacional e trata o fator importante de discutir o amor homoafetivo, não nos dias atuais (que já não é tão simples), mas nos anos 60, nos tempos da ditadura militar em plena Amazônia.

Inacha é um povoado de Cametá que se alvoroça inteira quando dois homens decidem se casar. Inajacy e Inajá se amam e se querem e decidem formalizar o ato. A população, mais do que qualquer coisa, fica curiosa. É interessante como foi proposto pelo autor que esse casamento é um espetáculo que todos querem participar, belo bem ou pelo mal, e que essa cerimônia será o inicio de algo grandioso para o mundo.

“Tem calma, minha mana, aguenta as pontas, este pequeno será causa da queda de muita gente e de muitas mudanças pelas quais o mundo vai precisar passar para que o homem se entenda e se respeite, trate a si e aos outros, principalmente a mulher, com respeito e admiração. Ele é sinal de contradição. Um facão amolado, grande e pesado, vai te trespassar teu corpo e tua alma e desse um também. Através dele tudo será revelado. Te segura!”

O povoado está passando pelas mudanças normais que o tempo impõe a todos e Salomão Larêdo nos dá essa perspectiva clara de novos conhecimentos e nova ideias, porém não esquecendo que nos anos 60 a mitologia era extremamente forte, principalmente no meio Amazônico. O ponto que me chamou mais atenção foi que Inajacy, um dos noivos, se vê como mulher. Ele não quer viver como homem para seu amado, mas ele se considera mulher e crer piamente que um feitiço desfaria sua condição errada para a certa, completando assim sua felicidade.

“Preciso encontrar este homem que quebre meu encanto para me tornar mulher completa e ser uma pessoa; existir, quero existir, quero voltar a ser mulher. Já fui, me arrependo de ter sido e não ter percebido que era e agora quero voltar e não posso, não passo no teste, ó castigo.”

É importante lembrar que o contexto histórico em que o livro se passa é muito adequado para as situações narradas. Mais que um casamento homoafetivo, “Olho de boto” nos mostra como aquela sociedade vivia, conta seus “causos”, suas histórias, de maneira crua e direta. Conhecemos inúmeros personagens e fragmentos de seus cotidianos, com seus respectivos dramas e alegrias. É de uma riqueza incrível a experiência que Salomão Larêdo dá aos seus leitores através desse enredo.
Como comentei anteriormente, a narrativa é fora do padrão; Em 3ª pessoa, com uma linha atemporal e repleto de pequenos fragmentos de vários moradores de Inacha.

Neste vídeo (ASSISTAM, SÉRIO! ♥), Salomão Larêdo comenta que seu intento é que por meio do compartilhamento das experiências através dos seus textos, as pessoas possam entrar em contato não apenas com a realidade amazônica, mas com a realidade do ser humano no mundo. Do meu ponto de vista como leitora, essa intenção foi alcançada.
A editora Empíreo fez um trabalho maravilhoso com a edição do livro e toda sua produção foi realizada com primor e singularidade, desde o título do livro (quem assistiu o vídeo vai ter uma pista) a arte da capa (que vem de um projeto chamado “Fragmentos irrecuperáveis”, de Gabriel Dias, mais informações aqui) ... sinceramente, quero abraçar o trabalho incrível da editora.

“Olho de boto” é uma obra atemporal que relata um fato que aconteceu no passado com os olhos no futuro, dando ao leitor questionamentos relevantes sobre como vemos o outro, sobre como meu ponto de vista pode afetar de forma fatal e, claro, sobre o amor. Após seu lançamento recente, em maio, já foi alvo de participação de uma palestra sobre Homossexualismo na literatura, levando a temática vivida na Amazônia para novos horizontes. 
Constelações para Salomão Larêdo!


Claro que de livro bom tem que ter promoção né pessoal? Não deixem de concorrer a chance de ler esse livro tão, tão bom!

Para participar, além de seguir as orientações do Rafflecopter, é preciso seguir algumas regrinhas:

- Ter endereço de entrega no Brasil;

- Fazer comentários consistentes nas resenhas, caso queira usar esses comentários como chances extras;



BOA SORTE! ♥
Por Fernanda Karen

Eu Li: O Milagre - Nicholas Sparks

Título:
O Milagre
Autor:
Nicholas Sparks
Editora: 
Arqueiro
Onde Comprar:
Submarino | Saraiva | FNAC 

Jeremy Marsh é um jornalista cético que dedica a vida a investigar e desmentir fenômenos sobrenaturais. Ele está no auge do sucesso, prestes a ir trabalhar na TV, quando recebe uma carta curiosa.
Nela, uma senhora relata a ocorrência de luzes estranhas e fantasmagóricas no cemitério de Boone Creek, uma pequena cidade na Carolina do Norte. Farejando uma boa história, Jeremy sai de Nova York e vai passar uma semana lá.
Quando começa suas investigações, ele conhece a obstinada Lexie Darnell. Responsável pela biblioteca local, ela está determinada a proteger as pessoas e a cidade que tanto ama - e nem um pouco disposta a confiar no forasteiro. Depois de sofrer pelo término de dois relacionamentos, ela tem duas certezas: a primeira é de que seu lugar é em Boone Creek, e a segunda é de que não se pode acreditar num homem tão sedutor quanto Jeremy.
O que ela não imagina é que o jornalista também tem suas feridas. Ele nunca conseguiu superar completamente a dor de seu casamento desfeito e a frustração de saber que jamais poderá ser pai.
Enquanto tenta descobrir a verdade por trás das luzes do cemitério, Jeremy tem que desvendar também os próprios sentimentos e se vê diante de escolhas muito difíceis, entre elas a de voltar para a vida que conhece em Nova York ou fazer algo completamente novo: acreditar.
O milagre é um romance que explora os maiores mistérios de todos: os do coração.


Nicholas Sparks definitivamente sabe escrever romances. Podem chiar e gritar que é clichê, mas nada tira a verdade: o homem escreve bons romances.
Já li vários deles e gosto bastante. Alguns, confesso, gosto mais da adaptação cinematográfica (como “O diário de uma paixão” e “Um amor para recordar”) mas, no geral e eventualmente, curto uma leitura mais leve (ok, chorei MUITO com “A última música” que, a propósito, é meu livro favorito de Nicholas) e, mesmo que ele tenha a mania tratante de matar pessoas ou acidentá-las gravemente, o autor é sempre uma boa pedida. Seus livros podem não ser minha prioridade na fila de leitura, mas quando Nicholas Sparks cai no meu colo, não reclamo, porque sei que vou gostar. Foi o que aconteceu com “O Milagre”. A editora Arqueiro lançou essa nova edição com uma capa diferente, visto que outra editora já tinha lançado anteriormente com outra capa (menos atrativa) e amei conhecer essa história. 

“O Milagre” vai nos apresentar Jeremy Marsh. Ele é um jornalista investigativo de New York que tem a fama de desmascarar tramas sobrenaturais e surgiu uma bastante interessante em Bonne Creek, uma cidadezinha na Carolina do Norte. 
Existe um cemitério que, em noites de nevoeiro, surgem luzes misteriosas. É um lindo espetáculo que o prefeito usa para atrair turistas. Jeremy viaja para a cidadezinha para desvendar esse mistério que ele julga ter uma explicação. Afinal, para tudo existe uma explicação plausível. 
Enquanto Jeremy começa as investigações, ele conhece a bela Lexie Darnell. Uma atração irresistível toma conta dele. Lexie é uma mulher forte que ama sua cidade de todo o coração e não o vê com bons olhos. Mas como bibliotecária da cidade, ela terá que conviver um pouco com Jeremy e se surpreenderá com o que irá conhecer. 

“- Um dia você vai descobrir alguma coisa que não pode ser explicada pela ciência. E quando isso acontecer, sua vida vai mudar de formas que nem pode imaginar.
- Isso é uma promessa?
- Sim. É sim.” 

Mais do que uma história de mistérios, esse adorável romance fala sobre recomeços. Jeremy e Lexie tem vidas extremamente distintas, mas eles se conectam de uma forma incrível. 
A narrativa é em 3ª pessoa e conhecemos os personagens a fundo em suas personalidades. Como leitora, me senti próxima a eles e gostei da sensação. É um romance leve, sem muitos arrombos emocionais e creio que agradaria fácil um leitor não exigente. 
Nicholas Sparks tem uma narrativa fluida e muito gostosa. É um livro direto, sem informações desnecessárias, mas com um toque lindo de descrição do ambiente. Tudo inspira ao leitor a se conectar com aquele lugar e com aqueles personagens. 

“O Milagre” é livro onde Nicholas Sparks não expõem seu lado tratante (aêê!) dando ao leitor esperança em um belo texto e numa linda história. 
Para quem quer um romance fofo para passar um final de semana tranquilo, é a pedida certa. 
E já como a proposta foi alcançada com sucesso, Nicholas levará suas 5 estrelas para casa. 
E vocês, curtem livros do autor? Comentem aqui ;)




Por Fernanda Karen

Eu Li: A Arma Escarlate - Renata Ventura


Título:
A Arma Escarlate
Autora:
Renata Ventura
Editora:
Novo Século
Onde Comprar:
Submarino | Saraiva | FNAC

O ano é 1997. Em meio a um intenso tiroteio, durante uma das épocas mais sangrentas da favela Santa Marta, no Rio de Janeiro, um menino de 13 anos descobre que é bruxo.
Jurado de morte pelos chefes do tráfico, Hugo foge com apenas um objetivo em mente: aprender magia o suficiente para voltar e enfrentar o bandido que está ameaçando sua família. Neste processo de aprendizado, no entanto, ele pode acabar por descobrir o quanto de bandido há dentro dele mesmo.


Quem buscar informações sobre “A Arma Escarlate” vai perceber que o livro é vendido como “Harry Potter brasileiro”. Entretanto, apesar de utilizar toda a temática de um universo mágico paralelo e escondido do mundo comum, de nos levar a acompanhar o dia a dia de uma escola de magia e de utilizar um protagonista que há pouco tempo estava completamente alheio a esse universo, as semelhanças param por aí.

A Arma Escarlate apresenta uma ambientação bem mais agressiva e violenta (a favela Santa Marta no Rio de Janeiro, no ano de 1997). Nosso protagonista, Idá/Hugo Escarlate (que, em favor da leitura, não explicarei porque ele possui dois nomes) não é um típico herói. Ao contrário, no início do livro o vemos muito próximo aos traficantes do morro, constantemente brigado com a mãe e tratando a morte e a violência comuns ao seu bairro como algo cotidiano. Malandro, pavio-curto e inconsequente, Hugo lembra bem o estereótipo do brasileiro, com um toque bem mais caótico.

Logo no início já acontecem algumas reviravoltas que culminam num tiroteio de larga escala (digno de uma cena em Tropa de Elite) com Hugo sendo jurado de morte e correndo perigo. No meio da confusão, ele recebe seu convite para a “excelentíssima escola de bruxaria Notre Dame do Korkovado”, entregue por um pombo as pressas, pois as aulas já se iniciariam dali a poucos dias.

“Venha para a Nossa Senhora do Korkovado, a melhor escola de bruxaria do Brasil. Do Ensino Fundamental ao Ensino Profissionalizante em apenas 10 anos”

E é a partir daí que somos apresentados ao maravilhoso mundo da magia localizado no Rio de Janeiro, com direito a escola de magia escondida dentro do Corcovado, passagens secretas escondidas nos Arcos da Lapa e até um Beco Diagonal alternativo com produtos mágicos de procedência duvidosa a preços espetaculares. Afinal, como seria o mundo mágico brasileiro? Óbvio que teria corrupção, nepotismo, desvio de verbas e toda essa realidade que a gente já conhece desse amado país tupiniquim.

“SUB-SAARA – Para quem não quer gastar os olhos da cara! Sub-SAARA! Tudo por um Zero a menos! Satisfação Garantida! Arcos da Lapa, nº 11. Centro. Rio de Janeiro Brasil.”

A Escola de Bruxaria do Korkovado é um dos pontos altos da história também. Sua construção louca, história interligada a vários personagens históricos reais (a Rainha Louca já foi diretora) e, claro, os professores e alunos. Não é porque estamos fora do mundo dos azêmolas (os não-bruxos) que não encontraremos aqueles professores super dedicados, ou os extremamente fdp’s ou aqueles que nem se lembram que precisam dar aula. Vemos até como são mal pagos.

E até o mundo do ensino mágico tem suas panelinhas: logo que chega a escola, Hugo é acolhido pelos Pixies, os populares de Korkovado. Viny, Caimana (arrasando corações), Capí e Índio são coadjuvantes dignos (senão melhores) de serem comparados a Rony e Hermione. Existe também um time inverso, digno de fazer parte da Sonserina caso aparecessem em Hogwarts, os Anjos, outros ótimos personagens que trazem boas reviravoltas a trama.

O texto de Renata Ventura é muito fluido e agradável de ler. É possível pegar o livro e ler de ponta a ponta sem parar. Vicia. E muita crítica social é acrescentada a história, abordando desde tráfico de drogas até o nacionalismo (força, Viny!). E, além disso, a história, a cultura e o folclore brasileiros são utilizados e reverenciados de uma forma extremamente natural, como dificilmente encontramos em livros nacionais. Não existem personagens clichê: o próprio Hugo é caótico e inconsequente e suas ações passam muito longe das que seriam tomadas por Harry Potter.

Em resumo, A Arma Escarlate é um mundo de magia pensado no Brasil, com personagens únicos e um senso de realidade bem adulto.

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Resenha feita por Victor Rogério, convidado especial. Obrigada! Você pode encontrá-lo no Facebook, no Twitter e no Instagram.



Por Bianne

Editora Empíreo lança projeto ‘O Corvo: um livro colaborativo’ e convoca fãs de Edgar Allan para fazerem parte‏ do projeto



Gosta de escrever + é fã de Edgar Allan Poe =  livro colaborativo!

Este é um projeto super legal que a Editora Empíreo lançou recentemente. Através desse livro colaborativo, a editora dá chances aos fãs de Poe de publicar um texto ou uma imagem (depende do seu talento) inspirados no poema 'O Corvo', que este ano completa 170 anos de publicação. Serão selecionadas e publicadas ao todo 60 textos e 15 imagens para compor o livro, sendo que alguns artistas foram convidados para o projeto também :D 

Ah Bianne, eu não estou inspirada para escrever um texto e não sei desenhar nem uma linha reta, mas quero participar do projeto, é possível? 

Claro que sim!!! Você pode participar através da sua colaboração com o financiamento coletivo, e dependendo do valor que doar, vai recebendo recompensas. Resumindo, as duas formas de participar são essas:


a) Envio de histórias e ilustrações 

Qualquer pessoa pode participar. Os textos devem ser inspirados no poema ‘O Corvo’ e ter um personagem chamado Edgar. O gênero literário é livre. As ilustrações devem usar o poema como referência. É possível participar com quantos textos e ilustração quiser.

Atenção: para enviar a história/ilustração o participante deve usar apenas no site oficial. É importante ler o regulamento.

b) Financiamento coletivo

Para o livro ser publicado será necessário conseguir o financiamento coletivo. Qualquer pessoa pode contribuir para a concretização do livro através do canal no site Kickante. A colaboração prevê diversas recompensas.


O site oficial do projeto ESTÁ LINDO PARA DEDEU! Não deixe de visitá-lo, sério. É esse site aqui: http://o-corvo.com/

E para se manter informado sobre o andamento do projeto, não deixe de curtir a página do Facebook: https://www.facebook.com/pages/O-Corvo-um-livro-colaborativo/1604903249794350

Vamos aproveitar essa super Semana Nacional para apoiar esse projeto lindo! 
Por Bianne

Eu Li: Nas Alturas - Camila Gatti + Promoção


Título:
Nas Alturas
Autora:
Camila Gatti
Editora: 
Empíreo
Onde Comprar:
Submarino | Saraiva | FNAC 

Marina é uma bela aeromoça acostumada a conquistar corações por onde passa. Franceses, italianos, israelenses, todas as nacionalidades são vítimas dos seus encantos tipicamente cariocas. Consciente de suas habilidades, ela prefere não se apegar a ninguém e deixa suas marcas em todos os lugares do mundo. A cada nova experiência, Marina se realiza plenamente como mulher, livre para fazer apenas aquilo que seus desejos mandam. Porém, suas escolhas também têm desvantagens, e ela começa a pensar se tanta liberdade vai conseguir preencher os espaços dentro de seu coração. (Inspirado em fatos reais.)

“Então é possível viver várias vidas em uma só? Sim, é possível. (...) A intensidade em viver várias vidas só encontra sua grande aliada: a liberdade. A escolha do que fazer da vida, medindo o grau de envolvimento com seus amores, e até onde ir quando a curiosidade encontra o desconhecido é uma decisão – pura e simples – de Marina.”

“Nas alturas” me surpreendeu muito positivamente. Primeiramente, achei que ele era um chick-lit, no entanto, ele fugiu um pouco do que se espera do gênero. Com um narrador onisciente em 3ª pessoa, o livro traz as experiências vividas por Marina, uma mulher inteiramente livre em todos os aspectos da vida. Como aeromoça, ela conhece diversos lugares pelo mundo e aproveita a vida plenamente com homens de diversas nacionalidades. Marina faz o que quer e como quer, pois está muito confortável consigo mesma. Talvez olhando de uma perspectiva mais fechada, não a veríamos com bons olhos, porém o que nos é exposto é um horizonte amplo de possibilidades que Marina simplesmente aproveita, sempre sendo honesta com quem importa.

No decorrer do livro, ela se depara com situações adversas e dúvidas a respeito de amor, plenitude, felicidade e Marina vai ter que se posicionar a respeito dessas situações. Suas decisões são tão humanas (ou seja, há acertos e erros. Sobretudo erros) que chega a ser palpável.

A linha do tempo do livro corresponde a vários anos e muitas coisas mudam do começo para o fim; o que fica é a determinação de Marina de ser feliz e de ser completa. Marina tem prazeres, sofrimentos de cunho românticos, diversões aleatórias, rompantes de determinação e amores inconvenientes... ou seja, Marina é gente como a gente.

“Mesmo parecendo fria, Marina era romântica, daquelas mulheres que acreditam em príncipes, que só ficam com um cara se sentir química... Por isso rolavam tantos flashbacks com ex-amores; ter uma história envolvida, sem ficar só por ficar.”

Como leitora, eventualmente me aborreço/apaixono com as atitudes de personagens, mas Marina é uma personagem tão verossímil em sua complexidade que simplesmente não consigo assumir a responsabilidade de julgá-la. Então simplesmente me posiciono de modo a concordar ou não com certas atitudes, mas não julgar. (É o que procuro fazer com as pessoas na vida real.)

A narrativa de Camila Gatti é muito agradável. Na leitura, senti como se uma amiga estivesse me contando toda a história. Sabe quando alguém fala tanto de uma certa pessoa e você sente como se a conhecesse, mesmo sem nunca tê-la visto? É essa a sensação. A única coisa que me incomodou é o fato de os diálogos serem através de “aspas”, mas isso é completamente subjetivo.

O livro contém algumas cenas de sexo e sugestões de sacanagens aos sussurros em diversos idiomas. Como obra de ficção que é, há muitas situações irreais, claro (a não ser que comissárias de bordo ganhem extremamente bem!), mas as complexidades da pessoa humana e os limites da liberdade foram muito bem ilustradas.

A Editora Empíreo fez um trabalho excelente na estética do livro. Ele é compacto com uma diagramação confortável e com uma capa adorável."Nas alturas" é uma leitura interessante e muito agradável de mais uma autora nacional que eu não conhecia. Vocês também não amam a semana nacional?! ♥

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+ PROMOÇÃO!


Claro que para comorar a leitura de mais um livro nacional nota 5 faremos um sorteio super especial para vocês. Algum sortudo ou sortuda terá a chance de levar para casa um exemplar de Nas Alturas! \o/ \o/ \o/

Para participar, além de seguir as orientações do Rafflecopter, é preciso seguir algumas regrinhas:

- Ter endereço de entrega no Brasil;

- Fazer comentários consistentes nas resenhas, caso queira usar esses comentários como chances extras;


a Rafflecopter giveaway

BOA SORTE!

Por Fernanda Karen

Eu Li: O que não diz a lenda - Christine M.



Título:
O que não diz a lenda
Autora:
Christine M.
Editora:
Underworld
Onde Comprar:
Submarino | Saraiva | FNAC

“Meu nome é Alice e, acredite, eu não estou no país das maravilhas.”
E se tudo o que você conhece não fosse real? E se as desordens climáticas, desastres naturais e catástrofes ecológicas fossem estrategicamente planejados? E se fosse seu destino mudar tudo isso?
Criada num ambiente ambíguo e com frágil estabilidade, Alice sempre soube que havia peças que não se encaixavam no delicado quebra-cabeça de sua vida. Até que ela decide preencher as lacunas de seu presente utilizando pistas de seu passado. Para acompanhá-la nessa jornada estão: Ian Orlov, um misterioso russo que abriga suas mais ternas e agora perigosas lembranças, e o capitão Natan, um jovem que promete remexer suas concepções já estabelecidas. Conforme avançam em suas descobertas, todos terão que decidir entre suas escolhas pessoais e tomar parte na maior revolução da humanidade.
Esta é a história de uma garota que buscou respostas onde ninguém poderia imaginar, mesmo que isso significasse perder-se dentro de si própria. Entretanto, quando mergulhamos tão fundo, há volta?


A história se passa em um futuro governado pela ditadura após a Terceira Guerra Mundial. Tudo começou com boatos de que estariam sendo desenvolvidas tecnologias que pudessem provocar fenômenos até então considerados naturais, como terremotos e tsunamis. Pena que não eram só boatos, pois os EUA realmente estavam investindo em tecnologia que utilizasse de estímulos a placas tectônicas e ondas sonoras para provocar desastres “naturais”, e foram bem sucedidos, conseguindo resultados como pequenos tremores, apenas uma amostra do que estava por vir. Rússia e China, sabendo dos boatos e desconfiando desses pequenos desastres naturais em áreas muito específicas, resolveram investir na mesma tecnologia – e foram bem sucedidos. 

Quando os primeiros grandes desastres ocorreram todos pensaram que era devido ao aquecimento global e etc., mas a verdade é que eram apenas testes para saber a eficácia e potência da nova tecnologia. Quando o imperador chinês resolveu se pronunciar e acusar publicamente os EUA de terem realizado os primeiros testes e por sua vez demonstrando sua própria capacidade de destruição ao provocar um tsunami que devastou a Califórnia, a população achou que era uma vingança justa. Mas uma vingança levou a outra, e a outra. Para evitar que o mundo se destruísse em meio a terremotos e tsunamis, o globo terrestre foi dividido em três grandes áreas, cada uma delas pertencente a EUA, Rússia e China. E aí a ditadura começou. E a tecnologia continua intacta.

Alice nasceu no mundo tomado pela ditadura, mas sua condição de historiadora a permite saber como tudo começou. Ela é filha de americanos, inclusive pai militar e atuante da ditadura, porém sua mãe morreu logo que ela nasceu e seu pai, em um gesto considerado de amor, conseguiu identidades falsas para ela e seu irmão e os mandou para o Brasil (território controlado pelos EUA), para serem criados por uns parentes distantes. Apesar de seu pai ter tentado afastá-la dos militares, ela é funcionária de uma instituição militar que cuida de agentes feridos durante o serviço, e está noiva de um coronel. Nesse período de paz envolvido pela tensão provocada pela possibilidade das antenas que provocam os desastres serem ativadas novamente, estar tão perto deles pode ser considerado um tipo de certificado de segurança. Mas Alice nasceu para algo grande, algo que está em seu sangue, e seu papel nessa história será de protagonistas e não de coadjuvante.

E isso tudo que eu falei é só o começo de uma longa história de encontros e desencontros, amores perdidos e reencontrados, mortes, perdas e decisões difíceis. Christine é mestra em despertar sensações. Desde que li Sob a Luz dos Seus Olhos e me emocionei horrores prometi a mim mesma que leria tudo que a autora escrevesse, tanto que comprei logo esse livro, que foi publicado pela já "falecida" Underworld. É um livro de estilo diferente do primeiro que eu li, mas não me decepcionei, óbvio. Mergulhei totalmente no universo proposto pela autora e torci como ninguém pelos personagens. E que personagens!

Alice, Ian, Henry, Felícia, Jeremy, todos tem características bem marcantes e mesmo os que não aparecem com muita frequência estão sempre no fundo da mente, pois todos são importantíssimos para a causa defendida por Alice, que é encontrar um jeito de acabar com a guerra fria. Em meio a tudo isso há o romance entre ela e Ian, um russo líder de guerrilha que ela conheceu quando criança e que a resgatou de uma situação muito difícil causada pelo parentesco dela com uma antiga líder de guerrilha. 

Recentemente eu soube que a Christine M, agora conhecida como Chris Melo, assinou contrato com a editora Rocco para o lançamento de uma nova edição de Sob a Luz dos Seus Olhos e para a publicação de Sob um Milhão de Estrelas. Espero que a editora também dê uma chance para O Que não diz a Lenda, por que esse livro vale muito à pena ser lido e vocês precisam conhecer o talento da Chris em suas várias facetas. 


Por Bianne

Eu Li: Elena - A Filha da Princesa - Marina Carvalho


Título:
Elena: A Filha da Princesa
Autora:
Marina Carvalho
Editora:
Galera
Onde Comprar:
Submarino | Saraiva | FNAC

Este não é um conto de fadas comum. Sim, existe uma princesa. Não uma donzela, mas uma jovem moderna, preocupada com os problemas de seu tempo. Há também um príncipe. Só não espere que ele seja um perfeito cavalheiro. Afinal, uma pitada de bad boy nunca fez mal a nenhum herói.
Elena, filha da princesa Ana — a brasileira que se tornou herdeira do trono da Krósvia —, já não é mais a menininha apaixonada pelo primo Luka, com quem deu o primeiro beijo aos 13 anos. Cresceu, namorou, viajou o mundo. Mas uma notícia surpreendente a faz voltar para casa... justamente quando obrigações familiares também exigem a presença de Luka.
O reencontro é explosivo. Luka não estava preparado para adulta que a prima tímida se tornou. Uma mulher que sabe muito bem o quer. E quem quer.


Spin-off de Simplesmente Ana e De repente Ana, este livro conta a história de Elena, filha da princesa Ana com Alexander, o lindo e hot que era o motivo dos suspiros de Ana (e por consequência nossos também hehe) nos dois primeiros livros. Dessa vez os protagonistas da história são Elena e Luka, sim, aquele garotinho que conhecemos ainda criança durante as aventuras de Ana na Krósvia. Só que agora ele não é mais uma garotinho, e sim um homem adulto... e complicado por demais sô.

Luka cresceu sob a sombra do crime cometido pelo pai, pois por causa disse não teve uma figura paterna em seu desenvolvimento e precisou conviver com as críticas ao seu pai. Ele era muito pequeno e um dia seu pai estava lá, no outro tinha se transformado em um pária na Krósvia. Ele se tornou uma criança e adolescente complicado, revoltado, querendo provar aos outros que não precisava de ninguém e por muito tempo nutrindo raiva de Ana, que ele achava ser a culpada de tudo. Quando teve idade suficiente começou a visitar seu pai na cadeia, o que reforçou sua fama de bad boy junto à família. 

Elena foi criada por pais, avós e parentes amorosos, sem motivos para sequer imaginar se revoltar. É uma jovem moderna e independente, e já foi apaixonada por Luka quando era mais nova (e ele se aproveitou disso, o sacana). Hoje em dia está engajada em causas sociais fora de seu país mas recebe um super notícia (ooowwwwwwnt) que a obriga a voltar para casa, assim como compromissos familiares trazem Luka de volta ao castelo. 

Luka e Elena acabam se surpreendendo muito um com o outro durante o livro. Apesar de eu ter sentido raiva de Luka em um primeiro momento, logo esse sentimento se transformou em pena. Como o livro é contado do ponto de vista de ambos os protagonistas, é possível mergulhar nos conflitos e sentimentos de Luka e nas dúvidas de Elena quanto ao seu amado primo. É possível entendê-lo melhor, sabe? Apesar de ele ter feito grandes burradas mesmo, ele merece perdão, e Elena (e eu) estávamos dispostas a concedê-lo, mas a família dela (tirando a Ana, muito compreensiva) não estava muito crente na redenção do filho pródigo, principalmente Alexandre - ele teve uns ataques meio sem noção. Um pai movido pelo ciúme e até pelo preconceito, talvez. 

Claro que eu li o livro em um noite só. Adoro a escrita da Marina Carvalho, e apesar de num primeiro momento ter achado desnecessário um livro sobre a Elena, depois que eu comecei eu só queria mais e mais da história. Foi muito bom rever personagens queridos, descobrir como suas vidas estão depois de tanto tempo, e acima de tudo conhecer mais personagens queridos. Senti falta de uma melhor amiga para a Elena, alguns momentos mais cômicos, mas adorei do mesmo jeito. Muitos vão dizer que é clichê, por causa do bad boy e etc, mas o que importa é como essa história é desenvolvida, e nisso a Marina tem muita habilidade.


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Por Bianne

Eu Li: No Mundo da Luna - Carina Rissi


Título:
No Mundo da Luna
Autora:
Carina Rissi
Editora:
Verus
Onde Comprar:
Submarino | Saraiva | FNAC

A vida de Luna está uma bagunça! O namorado a traiu com a vizinha, seu carro passa mais tempo na oficina do que com ela e seu chefe vive trocando seu nome.
Recém-formada em jornalismo, ela trabalha como recepcionista na renomada Fatos&Furos. Mas, em tempos de internet e notícias instantâneas, a revista enfrenta problemas e o quadro de jornalistas diminuiu drasticamente. É assim que a coluna do horóscopo semanal cai no colo dela. Embora não tenha a menor ideia de como fazer um mapa astral e não acredite em nenhum tipo de magia, Luna aceita o desafio sem pestanejar. Afinal, quão complicado pode ser criar um texto em que ninguém presta atenção?
Mas a garota nem desconfia dos perigos que a aguardam e, entre muitas confusões, surge uma indesejada, porém irresistível paixão que vai abalar o seu mundo. O romance perfeito — não fosse com o homem errado. Sem saída, Luna terá que lutar com todas as forças contra a magia mais poderosa de todas, que até então ela desconhecia: o amor.
Com seu estilo ágil e fluido, Carina Rissi criou em No mundo da Luna uma leitura viciante, permeada de humor, magia e paixão, que vai conquistar você do início ao fim.

Vamos falar sobre amor?!
Yay! Então sentem aí que vamos falar sobre o mais recente livro de Carina-diva-Rissi!
Já disse pra vocês como eu amo Carina Rissi? Se vocês ainda não sabiam disso, constatem aqui nas resenhas de Perdida e Encontrada.

Carina Rissi é conhecida por escrever livros adoráveis no gênero chick-lit. Ou seja, são livros que mostram a vida de mulheres adultas e seus percalços em um tom meio cômico. São basicamente as comédias românticas literárias. E, acreditem, Carina tem muito talento nisso aí.

Luna tem 25 anos e acabou de se formar em jornalismo. Ela achou que tinha conseguido seu emprego dos sonhos, mas no final sua função ficou como recepcionista da revista Fatos&Furos e  Luna odeia isso. Mas, acima de tudo, o que Luna mais odeia é seu chefe, Dante. Ele é arrogante, grosseiro e ainda se veste extremamente mal.

Azar no emprego e sorte no amor? Não com Luna. Ela acabou de romper com seu namorado de anos porque o babaca a traia com uma peituda por aí. Nada na vida de Luna parece estar nos eixos quando, de repente, uma vaga de colunista na revista surge e ela é cotada para preenchê-la. Ok, cuidar da seção de horoscopo da revista não é o que ela tinha em mente, mas dá para o gasto. Ela vai provar que é uma profissional competente e vai ascender de cargo (é o que ela deseja de todo o coração). Sua ascendência cigana talvez possa ajudá-la a passar por isso sem muitas dificuldades. Talvez!

Enquanto Luna tenta escrever algo para sua nova coluna, ela o vê. Ele é moreno, alto, bonito e sensual. E é o novo fotografo freelance da revista. Vini e encanta de primeira e parece que o negócio vai dar certo! Ele a chama para jantar e tudo. Mas quando enfim chega o dia, com Luna que está linda de morrer para seu encontro, Vini fura e para piorar (acreditem, tudo que está ruim sempre pode piorar) ela dá de cara com seu ex-namorado e sua atual noiva. Tudo que Luna quer é sumir mas ela encontra seu supracitado chefe babaca, que também está visivelmente chateado, e senta para beber com ele.

E adivinhem quem acordou nua na cama do chefe no dia seguinte e com uma ressaca federal?!?!

A partir daí, a vida de Luna vai só virando mais e mais de ponta cabeça e o leitor vai se deliciando, e rindo, e se emocionando (sim, porque eu chorei) com essa história divertidíssima que Carina Rissi escreveu. Ele escreve uma cenas românticas tão adoráveis. E as calientes são ~sexy sem ser vulgar~. Eu gosto disso, sabe. 

Todas as personagens femininas de Carina são loucas de pedra e eu sempre quis entrar em seus livros para dar na cara delas gritando “ÉGUA, MANA, TE TOCA!!” e Luna não escapou disso. Algumas atitudes dela me faziam revirar os olhos, socar paredes, jogar o livro no chão gritando “AAAAAAARGH, NÃO AGUENTO!” mas tão legal o livro, gente. 

E o que dizer dos personagens masculinos?? Hm.

Uma ilustração aqui para vocês entenderem a situação:

totalmente isso

Os homens de Carina são completamente apaixonáveis. Quero todos. Acho que nenhum chega ao patamar perfeito de Ian Clarke *insira suspiros apaixonados*, mas Dante faz muito meu tipo esteticamente então, né. Pois é.

A narrativa é muito gostosa e extremamente fácil. Encontrei alguns errinhos de revisão, mas eu tenho a 1ª edição então é provável que a editora já tenha cuidado disso com as edições mais recentes. Carina Rissi é tão amor, gente. Para quem quer uma leitura agradável, rápida e ainda por cima feliz, os livros da autora são a pedida certa. Sempre fico feliz depois que termino os livros de Carina Rissi. Aí depois fico triste porque vou ter que esperar sair outro e vou reler todos os livros dela de novo (quem se identifica dá oi).

Guardei essa resenha especialmente para a semana nacional pois a autora é uma das minhas favoritas no gênero e acho que todos vocês precisam conhecê-la urgentemente.

Leiam, leiam e depois venham surtar comigo! 

♥♥♥♥♥♥♥ 

Por Fernanda Karen

Eu Li: Anardeus. No Calor da Destruição - Walter Tierno



Título:
 Anardeus. No Calor da Destruição
Autora:
Walter Tierno
Editora:
Giz Editorial
Onde Comprar:
Saraiva | FNAC | Submarino

Anardeus nasce feio, cresce ignorado e se torna um adulto desagradável. Sente muito frio, o tempo todo, e só desfruta o conforto do calor quando testemunha tragédias e horrores. Ele odeia tudo e todos, menos sua irmã gêmea, Isabel, sua antítese: linda, amável e cheia de calor.
Anardeus, com a sua personalidade detestável, é um anti-herói incomum e, por isso mesmo, tão interessante. O mundo não deseja Anardeus. Anardeus não deseja o mundo. Mas terão que viver juntos até o final apocalíptico e perturbador.
Anardeus, no calor da destruição tem como cenário São Paulo e seus personagens cínicos, loucos, egoístas. Um romance sem rótulos ou lugar-comum, para ler e sentir tudo - menos indiferença.


Silêncio e estupor: foi a reação desta que vos escreve assim que conclui esse livro. Constatei nesse dia que o silêncio é tão inquietante quanto à leitura de Anardeus. Depois de uns 10 segundos, minha mente voltou a trabalhar no 220 volts.

Essa resenha devia estar escrita há semanas, mas eu simplesmente não sabia como colocar para fora o que é esse livro. Walter Tierno escreveu uma obra insanamente diferente que dá espaço a várias analogias e perspectivas e estou curiosa para saber mais sobre as outras teorias. 

Anardeus representa tudo o que há de ruim. Ele é feio, desagradável e ninguém que o conhece jamais se sentiu realmente à vontade em sua presença. 

Apenas Isabel. 

Isabel que é sua irmã gêmea. Isabel que é o inverso de Anardeus. Ela representa tudo o que há de bom. Ela é bela, agradável e todos morrem de amores por ela. Isabel exerce uma atração irresistível nas pessoas. 

Anardeus vive com frio. Isabel vive com calor. 

“O homem à minha frente é uma caricatura viva. Só o havia visto pela minha objetiva. Sem esse filtro, a feiura incomoda bastante. Imagino se o mesmo acontece com a irmã, mas de forma invertida. Pela câmera, uma delícia. Pessoalmente, impossível não pedir em casamento.
Infelizmente, não foi ela quem marcou o encontro. Foi este homem feio. (...) Lá fora está um sol torturante e ele nem sua, mesmo enterrado sob três camadas de roupas pesadas... os olhos são o que mais perturba. Difícil não sentir arrepios ao fita-los. Quando diz que seu olhar é invasivo, sabe o que está falando. Evito contato direto. É como ser despido além da pele. Por várias vezes, tenho a impressão que ele consegue ouvir o que penso.”


O leitor é apresentado a esse contexto com uma aleatoriedade muito bem planejada pois o enredo não segue um padrão normal. São fragmentos atemporais que vislumbramos da infância até a vida adulta de Anardeus que nos dá essa perspectiva tão bem definida de sua personalidade e de Isabel. O curioso é que mesmo com esse tom fantástico, o enredo se passa em meio ao cotidiano. 

Anardeus é casado, tem sua casa e sua vidinha medíocre e seu único companheiro inseparável é o frio. Ele só sente um calor confortável quando destruições completamente sobrenaturais começam a acontecer pela cidade. Um calor que o transforma em um deus. 

“Eu sinto culpa. Não a culpa paralisante, que tortura. Sinto a culpa excitante, criminosa, implácavel.”

O texto de “Anardeus. No calor da destruição” é enxuto e pragmático. É um livro curto, mas tão denso que me senti meio transtornada. A narrativa é alternada entre Anardeus, Isabel e um terceiro personagem bastante singular, o fotógrafo. 

A narrativa é simples, mas dura e direta que contém palavrões e algumas cenas (todas) fortes. “Anardeus. No calor da destruição” é perturbador em seu pragmatismo e, confesso, o livro terminou tão rápido que queria mais detalhes, queria um pouco mais de esperança. Mas Anardeus, tal qual a vida, é o que é. 

O trabalho da editora Giz foi impecável. O livro é muito bonito esteticamente com ilustrações incríveis do próprio autor (vide a capa). Walter Tierno também escreveu “Cira e o Velho” e em breve vocês terão resenha sobre ele também aqui no blog. Recentemente, o autor assinou com a Verus então logo teremos mais obras dele circulando por aí. 

Enquanto isso, conheçam suas obras já lançadas pela Giz e se apropriem de seus livros. “Anardeus. No calor da destruição” me despertou um sentimento bem intenso; só me resta descobrir se isso é bom ou ruim. 

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Por Fernanda Karen