[Quinta em Outra Língua #46] - The Girl of Fire and Thorns - (Fire and Thorns #1) - Rae Carson


Título:
The girl of Fire and Thorns 
Autora: 
Rae Carson 
Editora: 
Greenwillow 



A cada século, uma pessoa é escolhida para a grandeza.
Elisa é a escolhida.
Mas ela também é a mais nova de duas princesas, aquele que nunca fez nada de notável. Ela não consegue ver como ela poderá fazer algo.
Agora, em seu décimo sexto aniversário, ela tornou-se a esposa secreta de um rei, um bonito e mundano rei cujo país está em crise. Um rei que precisa da escolhida, não um fracasso de uma princesa.
E ele não é o único que procura ela. Inimigos selvagens fervendo com magia negra estão caçando ela. Um ousado revolucionário e determinado pensa que ela poderia ser a salvadora do seu povo. E ele olha para ela de uma forma que nenhum homem jamais olhou para ela antes. Logo, não é apenas a vida dela, mas seu próprio coração que está em jogo.
Elisa poderia ser tudo para aqueles que mais precisam dela. Se a profecia se cumprir. Se ela encontrar o poder profundamente dentro de si mesma. Se ela não morrer jovem.
A maior parte dos escolhidos morrem.

Elisa, princesa de Orovalle, sempre viveu pelos padrões de ser ‘a escolhida’ e concretizar uma profecia dada por Deus. Tendo nascido com uma Godstone (tradução literal: Pedra de Deus) no umbigo (eu sei que é estranho ok?), ela precisou estudar muito para ser digna de ser a portadora dessa dádiva divina. 

A vida sorriu de um jeito diferente para Elisa, ela é uma garota tímida que ainda não passou pelas provações certas para torna-la uma adulta, mas, nós estamos falando aqui de uma garota de 16 anos, prometida em casamento para um Rei de outro reino, mais velho, com um filho como herdeiro, e uma bagagem de vida muito além do que Elisa está acostumada. 

O fardo de ser rainha, escolhida, esposa, madrasta e conselheira é muito para uma garota gordinha, com a pele mais escura do que a aceitável pela sociedade e cuja a autoestima é super baixa, pois teve que conviver a vida toda com uma irmã perfeita em todos os sentidos. 

Joya d’Arena é um reino que está passando por um difícil momento, com guerras e rebeliões batendo em sua porta, o rei Alejandro quase não consegue encontrar tempo para a esposa. Elisa passa então a se sentir negligenciada dentro do palácio, somando isso ao problema de autoestima faz com que a personagem pareça fraca. 

Eu particularmente passei a primeira parte do livro gritando “MINHA FILHA, REAGE”, mas eis que me chega um personagem para causar uma mudança na vida dessa garota. Hector foi escudeiro do rei e acabou por conquistar a amizade e confiança do mesmo, levando-o a se tornar comandantes da guarda-real. 

Hector entra em cena timidamente e se torna um dos aliados mais importantes de Elisa. O fato de ter um amigo e alguém que passe a incentivar ações diferente dela é o suficiente para acordar uma parte dessa personagem que tava precisando muito ser sacudida. É através de Hector que Elisa começa a ganhar voz. 

Amo você, Hector, obviamente! 

A vida trás reviravoltas e com elas mudanças inesperadas, que nem sempre são ruins e o livro começa a seguir um caminho nada óbvio que vai ler ao maior crescimento de sua personagem principal. 

É muito difícil de se encontrar uma história que desenvolva tanto alguém, eu não to falando aqui de passar do 7 pro 10, eu to falando de realmente passar do 1 pro 10 de tão palpável que são as diferenças entre a Elisa do começo do livro e a do final. Conforme a personagem foi ganhando força, a história foi ganhando força, o enredo foi se concretizando e tudo naquele mundo floresceu. 

Vai lá garota! Tu consegue! 

Rae Carson claramente pegou influencias hispânicas na caracterização do seu mundo e teve um cuidado de me deixar sem saber o que pensar de certas coisas até o final. 

No geral é uma história com muito potencial de crescimento, com ótimos personagens, mundo amplo e cheios de ships minha gente, além de magia e aquela dose maravilhosa de emoção. Os direitos da trilogia foram comprados pela Novo século, então rezar pra que seja lançado logo logo no Brasil!

Quatro pedrinhas coloridas 

 

Por Vivian Cardoso

Convite para o Lançamento de Luz, o Deus do Horror - Andrei Simões


Andrei Simões é um autor singular. Ele não quer apenas nos contar histórias; Andrei que nos causar estranheza. Concordamos que a literatura existe para transformar o leitor e os livros de Andrei Simões costumam causar um impacto interessante. Também pudera! Seus temas são profundos, reflexivos e até mesmo assustadores. 
Em "Putrefação", o protagonista está morto, mas sua consciência não. Ou seja, ele consegue sentir toda a decomposição de sua carne enquanto recorda de sua existência em vida.

Em "Zon: O Rei do Nada", o personagem se descobre uma criação do chamado "Aquele que lê" e se constrói uma especie de embate entre criatura e criador. A partir daí, Zon parte em busca de outras consciências - e outros personagens - desvendando vidas e reinando sobre o... nada. 

A próxima obra de Andrei Simões será publicada pela Editora Twee e se chama "Luz, o Deus do Horror". O lançamento já tem data marcada e espero ansiosa para conhecer os conflitos dessa nova história.
E mais: 
quem adquirir o livro em pre-venda, concorre a uma edição exclusiva em capa de couro e autografada. Informações no site da editora: http://www.twee.com.br/luz

SINOPSE:
"Um jovem atormentado do pela morte do irmão, em uma jornada de vingança que irá além das fronteiras do absurdo e uma amiga simplesmente em busca de justiça. Neste contexto, vários lugares do mundo, seres de existência impossível, na forma de anjos, semeiam e colhem medo, para uma poderosa entidade que reside na mais profunda escuridão. Neste romance seriado, cada capítulo encerrará uma história, escrita ora nos moldes do terror minimalista e filosófico, ora no antimolde da subversão de gênero. Mas ao avançar das histórias, uma apenas é contada, que une, interliga todas as outras. E a esta história, você, Aquele que Lê, é muito bem-vindo."
"Abra este livro e entenda que só amamos a luz porque temos medo do escuro." Confiram aqui o perturbador booktrailer de "Luz, o Deus do Horror"

INFORMAÇÕES SOBRE O AUTOR:


Utilizando filosofia, ciência e ocultismo, navegando entre o realismo mágico e o horror, Andrei Simões procura instigar e provocar o leitor, com literatura minimalista e direta, mas profunda, utilizando de símbolos obscuros do inconsciente para trazer à tona difíceis, mas necessárias reflexões sobre a vida e a morte.

O biólogo e mestre em comportamento é belenense, tem 39 anos e publicou os livros “Putrefação” (2005), “Zon, O Rei do Nada” (2013), este último em coautoria com Lupe Vasconcelos que colabora com 33 ilustrações e também tem contos nas antologias “Desnamorados” (2014) e “O Corvo: um livro colaborativo” (2015). O primeiro livro foi publicado pela Novo Século enquanto os outros, pela Editora Empíreo, editoras paulistas com distribuição nacional de suas obras. 

Antes disso, Andrei, que escreve desde os 13 anos, foi ensaísta em diversos blogs, revistas eletrônicas, autor de projetos artísticos na internet e publicou um livro de modo inteiramente virtual, intitulado “A Espiral”, em 2000, onde de maneira vanguardista, disponibilizou-o gratuitamente no site de contracultura paulista “A Barata”.
Os exemplares de seus livros estão à venda em livrarias físicas e virtuais.


MAIS NOVIDADES: 

Ainda este ano também haverá a reedição do livro "Putrefação" com novidades: a nova edição será bilíngue (Português/espanhol) e será lançado como o primeiro volume das "Crônicas da Não-Existência". Tudo isso com o apoio de Flor Di Maria, Publisher da Twee Editora.

São ótimas notícias para as fãs paraenses do gênero terror.

Então, caros leitores, agendem-se:

Lançamento do livro Luz, O Deus do Horror

Data e hora: 04/10/2016 às 18h. 
Local: Sesc Boulevard - na Castilhos França, 522/523.
Confirmem presença na página do evento no facebook e fiquem por dentro das atrações.
Nos vemos lá!


Por Fernanda Karen

#PensandoBem E esse tal de Crowndfunding?


Você sabe o que é Crowndfunding? Já ajudou alguma campanha? Conhece os sites brasileiros de financiamento coletivo?

Olá, queridos leitores, tudo bem? Tive a ideia de falar um pouco sobre esse assunto pois, o que mais vemos atualmente, são campanhas para financiamento das mais diversas coisas (e muitos livros) e eu percebo que tem muita gente que não faz muita ideia de como funciona esse tipo mercado. Por medo de perder dinheiro ou por não confiar, acaba que muitas oportunidades legais de investimento são perdidas e é sobre isso que nós vamos falar agora. Vamos lá?

O que é?

Crowndfunding é um termo relativamente novo, apesar do conceito ser mais antigo. A ideia de várias pessoas diferentes apoiarem financeiramente um projeto já acontece há muito tempo, mas era focada principalmente em filantropia. Iniciativas como o Teleton ou o Criança Esperança já acontecem há muitos anos e não deixam de ser uma forma de financiamento coletivo. Mas o Crowndfunding em si, como mercado mesmo, começou a aparecer nos idos de 2008 com o surgimento do KickStarter (atualmente o maior site de financiamento coletivo que existe). 

Em 2014 o Kick Starter anunciou
que havia arrecado
mais de 1 bilhão de dólares
 em doações para projetos 
A ideia é que qualquer pessoa pode divulgar um projeto, especificar exatamente o que se espera de resultado dele e exibir opções de pagamento que o publico geral pode fazer para ajudar o projeto a seguir em frente, em troca de algum benefício. No início é estipulado o valor total que o dono do projeto precisa e, se esse valor for atingido em doações, o projeto será executado. Hoje em dia temos várias ferramentas do tipo, desde o próprio KickStarter, ou o Indiegogo e os brasileiros Kickante e Catarse. Você mesmo pode acessar agora qualquer um deles e apoiar um projeto do seu interesse. 
Pebble: um smartwatch 100% finan-
ciado via KickStarter. Quem apoiou,
teve a oportunidade de compar um pela
metade do preço.

Há milhares diferentes e com os mais diversos objetivos. O que mais vemos nas versões americanas são projetos de tecnologia, gadgets, games e filmes. As versões brasileiras já tem um foco bem grande em filantropia e arte. Muitos livros, álbuns musicais e exposições saem de financiamentos desse tipo. 

Por que ajudar?

E é justamente nesse ponto que entra você, querido leitor. O principal foco dessas campanhas de financiamento coletivo é fazer com que o usuário cotidiano da internet possa ajudar algum projeto interessante. Ideias legais é o que não falta, mas muita gente fica com o pé atrás antes de abrir a carteira para apoiar. Mas esse tipo de gasto pode ser até muito interessante para:

- Apoiar alguma ideia que dificilmente conseguiria financiamento através de empresas ou governo;

Tales of Kurgala: Álbum musical OperaRock, inspirado no
livro O Espadachim da Carvão. A recompensa mais cara
custava R$2500,00 e, entre vários prêmios, havia a
oportunidade de ser tornar um personagem do
terceiro livro e de participar de um jantar com o autor.
- Ter a possibilidade de comprar em primeira mão algum item específico de um projeto;

- Ter a possibilidade de comprar algum item com valor de fábrica (em geral, os produtos dos projetos saem mais baratos para os apoiadores)

- Dependendo do valor pago, ter oportunidades únicas;

- Auxiliar à distância projetos que você provavelmente nunca ouviria falar;

- Entre outros.

Claro, sempre vai depender do marketing feito utilizado. Mas muitas campanhas de livros, por exemplo, oferecem desde brindes extras (como posteres, livros autografados, dedicatórias) até oportunidades de você conhecer o autor pessoalmente.

Que cuidados tomar antes de gastar com um projeto?

E é claro que sempre que aparecem essas oportunidades, vai ter algum espertinho tentando ganhar dinheiro. Mas se você prestar bastante atenção não há perigo nenhum em apoiar um projeto. 

O Corvo: livro de contos baseado no
poema de Edgar Alan Poe.
Atingiu o sucesso no projeto e
ainda gerou uma
 versão trilíngue do poema
A primeira coisa a se analisar são as pessoas que estão promovendo. Em geral há sempre uma pessoa pública que controla a página do projeto e pode dar algumas atualizações sobre ele. Na maioria das vezes, essas pessoas possuem perfis em diversas redes sociais e pode ser interessante você conversar com elas e tirar suas dúvidas. 

Vale também avaliar qual o tipo de arrecadação está sendo utilizada. Os sites de financiamento coletivo podem ter campanhas como o tudo ou nada (onde o projeto só recebe os valores arrecadados se o total estipulado foi atingido); ou como as campanhas flexíveis (onde o valor arrecadado é direcionado ao autor da campanha, mesmo que não atinja o objetivo). Sempre é válido dar uma boa lida na página do projeto e adjacentes para se ter certeza de todas as variáveis.

Bel Pesce é uma das maiores
empreendedoras do Brasil e
já lançou vários livros através do
Kickante, além de seu tour de
palestras
As formas de pagamento também são um ponto a se observar. Os sites de Crowndfunding em geral aceitam todos os cartões, mas, dependendo do valor que você deseja pagar para ajudar o projeto, pode ter formas de parcelamento diferentes. Existem também projetos em que o prazo é uma variável: se você quiser ser o primeiro a receber o produto, terá de pagar mais caro e por aí vai.

Projeto Legais

Existem vários projeto abertos atualmente e qualquer pessoa pode acessar um dos sites e apoiá-los como for possível. Segue a indicação de alguns:

- Filme Do Amor: Do Amor foi uma série do canal Multishow exibida em 2 temporadas. O financiamento coletivo é dedicado para tornar a série um filme e existem ótimas recompensas.

"DOAMOR é uma história sem fim. Lulu está dividida entre Pio e Brás. Pio espera por Lulu no aeroporto. Lulu decide ficar com Brás, mas ainda está envolvida com Pio. O que acontece depois? É que o todos nós queremos saber! Por isso, os fãs pediram a continuação da história. Não desistiram de Lulu, Pio e Brás! E nós não desistimos dos nossos fãs e dos personagens. Morremos de saudades de tudo! 

Daí, decidimos colocar todo nosso amor na realização de um longa metragem para arrancar de vez essa falta do nosso coração. Precisamos pegar o Pio no aeroporto!!! E saber se Lena e Eva ficaram juntas. E Bárbara e Tiê, será que seguiram em frente apesar (ou por isso mesmo) de tantas diferenças?"

- Barca dos livros: "Inaugurada em fevereiro de 2007, na Lagoa da Conceição, em Florianópolis, a Barca dos Livros – Porto de Leituras é uma biblioteca comunitária mantida pela Sociedade Amantes, que defende a importância da leitura para o desenvolvimento comunitário e individual. Possui um acervo de mais de 10.000 livros catalogados e um premiado programa de incentivo à leitura.

Situada em Florianópolis, a biblioteca comunitária Barca dos Livros atua como mediadora da leitura e da formação de leitores e busca, por meio de suas ações, ser uma biblioteca referência na área do livro e da leitura no âmbito local e nacional."


- Cão guia: quanto vale o seu olhar? "Os cães-guia são grandes aliados dos deficientes visuais. No entanto, no Brasil há apenas 100 cães-guias enquanto que existem 6 milhões de deficientes visuais. Para conscientizar a população da importância dos animais para os deficientes visuais, nós do Instituto Iris de Responsabilidade e Inclusão Social criamos esta campanha de financiamento coletivo. O IRIS precisa de recursos para treinar e doar cães-guia destinados para as pessoas que irão aposentar os amigos caninos em breve. Junte-se a nós e colabore para transformar a vida de deficientes visuais!"


- Livro: Place Branding:  "Todos temos um café favorito de uma esquina favorita, uma praça na qual sempre nos sentamos, um parque que sempre merece retorno e afeto. Contudo, na maioria das vezes, não sabemos explicar racionalmente o motivo de tais predileções. Seja pelo clima, pelo conjunto de facilidades que oferecem, por uma memória afetiva ou simplesmente pela aparência, nossos locais preferidos são nossos, sempre nossos, misturados a emoções diversas.

Essa relação entre pessoas e lugares é o objeto central do place branding, tema central do nosso livro. A partir dele, identificamos as vocações de um lugar e o DNA de seus moradores, para em seguida trabalharmos elementos e estratégias para fortalecer e alavancar estes lugares."



- Livro Interativo - meu mundo hoje: "Este livro traz a ideia de uma cápsula do tempo, onde você registra como o seu mundo funciona hoje, só que de forma descontraída, através de perguntas e atividades reflexivas, podendo assim, te trazer muito autoconhecimento e te ajudar a observar o seu próprio amadurecimento, além de ter ótimos assuntos para serem conversados com seus amigos ou num almoço em família."

E aí? Curtiu? Vamos apoiar projetos legais? Não deixe de comentar!



Por Victor Rogério

[Quinta em Outra Língua #45] For Darkness Shows the Stars - For Darkness Shows the Stars #1 - Diana Peterfreund


Título: 
For Darkness Shows the Stars 
Autora: 
Diana Peterfreund 
Editora: 
Balzer + Bray 



Várias gerações já passaram desde uma experiência genética que deu errado causou a Redução, dizimando a humanidade e nos dando a ascensão da nobreza Ludita que baniu a maioria da tecnologia. 
Elliot North sempre soube o seu lugar neste mundo. Quatro anos atrás Elliot se recusou a fugir com o seu amor de infância, o servo Kai, e escolheu o seu dever com a fazenda da sua família em vez do amor. Desde então o mundo mudou: uma nova classe de Pós-Reducionistas está dando um novo fôlego ao progresso. A fazenda de Elliot está definhando, a forçando, assim, a arrendar a terra à misteriosa Frota das Nuvens, um grupo de construtores de barcos que incluem o renomado explorador Capitão Malakai Wentworth - um praticamente irreconhecível Kai. E enquanto Elliot se pergunta se essa pode ser a segunda chance deles, Kai parece estar determinado a mostrar a Elliot exatamente o que ela abriu mão quando o deixou partir. 
Mas Elliot logo descobre que o seu velho amigo carrega um segredo -- um que poderia mudar a sociedade deles... ou destruí-la. E novamente, ela se encontra com uma escolha: se agarrar ao que ela foi criada a acreditar, ou apostar a sua sorte no único garoto que ela já amou, mesmo que ela tenha o perdido para sempre. 
Inspirado em Persuasão de Jane Austen, For Darkness Shows the Stars é um romance de tirar o fôlego sobre abrir a sua mente para o futuro e o seu coração para aquela pessoa que você sabe que pode quebrá-lo.

Sou fã de Jane Austen de carteirinha, amo uma adaptação dos clássicos dela. Então nem me importei com resumo nem nada. Só vi que era baseado em Persuasão e essa capa linda (amo coisa de estrela *-*) e me joguei na leitura. Não me arrependi. 

Jane Austen + Ficção Científica = AMOR

A história se passa num futuro onde várias experiências genéticas com o objetivos de criarem seres humanos perfeitos e melhores, resultaram na Redução e em guerras. Com a ajuda da ciência essas pessoas reescreveram o seu DNA, mas deu errado e o seus filhos sofreram a Redução, ficaram quase como crianças. Aqueles que se recusaram a participar, e se esconderam em cavernas para fugir das guerras se tornaram os Luditas, que criaram regras para que nunca mais houvesse outra Redução, os chamados protocolos. (Quem aí lembra das aulas de história? Lembram da galera que era contra a Revolução Industrial e quebrava as máquinas e tudo mais?)
Para alguns Ludistas, os Reduzidos eram crianças, caídos da graça e desamparados, mas ainda humanos. Para outros, eles eram bestas de carga, em sua maioria mudos e incapazes de pensamento racional. A mãe de Elliot havia a ensinado que eles eram o dever dela, como eram o dever de todos os Ludistas.
Elliot, a nossa protagonista, é uma Ludita. Segunda filha do Barão North, que possui uma grande propriedade onde os Reduzidos são os servos e força de trabalho. Além dos Reduzidos e dos Luditas começou a surgir um terceiro grupo, os Pós-Reducionistas, pessoas filhas e descendentes de Reduzidos mas que não sofrem da Redução. Uma dessas pessoas é o nosso outro protagonista, o Kai. Um garoto que cresceu na fazenda da família de Elliot, e que cultivou com ela uma amizade desde a infância. 

Os personagens: Elliot é aquela famosa heroína de Jane Austen que acredita no dever. Ela conhece Kai desde a infância (diferente de que no original de Persuasão). A história em si se passa anos depois dele ter deixado a fazenda da família dela, mas nós vemos os pedaços do que foi a amizade deles, que depois progrediu para romance, através das cartas e dos bilhetes que eles trocaram durante toda uma vida. Algo que é tão Jane Austen que me faz ser ainda mais apaixonada por esse livro.

Elliot, desde que decidiu ficar para trás, dá de tudo que tem e um pouco mais para o bem da fazenda e os seus trabalhadores. Mas todos os seus esforços não são o suficientes. Ela não foi criada para gerir uma grande fazenda, muito menos para plantar, e ainda tem que lidar com o seu pai que só se importa em manter o seu senhorio sobre todos. E ainda, com a produção da fazenda caindo, a mão de obra especializada indo embora, Elliot se vê diante de um desafio que ela não está preparada. Isso não a impede de tentar.

Longe da propriedade dos North, nas grandes cidades cheia de Pós-Reducionistas, surge a Frota das Nuvens. Um grupo de Pós que pretende mudar o mundo. Tudo neles é voltado para o futuro, e sem o medo da Redução que permeia todos os Luditas. Dentre deles, volta Kai, agora Capitão Malakai Wentworth, completamente transformado e cheio de ressentimentos. Para quem conhece Persuasão, sabe o que vai acontecer. Afinal, o romance de Jane Austen, é justamente sobre duas pessoas que costumavam se conhecer e partilhavam uma intimidade, mas que se separaram. Kai, então, volta com raiva de Elliot, e fazendo de tudo para mostrar o quanto está melhor depois que deixou tudo para trás..
"As pessoas são tolas quando se trata de amor"
Elliot não foi. Ela foi racional, lógica e razoável, prudente. Ela foi fria e cruel, e desleal e distante.
Ela não foi tola.
Ela foi a garota mais tola da ilha.
Em meio a segredos, de ambos os lados, Kai e Elliot vão aos poucos se reencontrando. Não mais adolescentes, mas jovens cheios de responsabilidades. O tempo que eles passaram separados mudou os dois. Reconstruir o que eles tinham parece impossível, principalmente porque Kai está frio e distante, ressentido com Elliot. Essa só está feliz em vê-lo novamente. E assim como no original, era excruciante ver os dois. Primeiro eles mal se falavam, para depois começarem a brigar. A intimidade que a gente vê, vinda tão fácil, nas cartas de outrora, agora parece perdida. Essa história acaba comigo.

Por que tudo tem que ser tão complicado?
(dá um dó ver as cartas deles do passado
e agora eles nem sequer olham na cara um do outro)

Mesmo que seja baseado na obra de Jane Austen, a história é boa por si só. Se você é fã de Jane Austen, o fato de ser baseado em Persuasão é um extra. Algo a mais. Como eu sou fã, a cada página eu ficava mais ansiosa em saber o que a Diana Peterfreund ia manter ou mudar em relação ao original. Sou muito crítica com adaptações de coisas que eu amo (vulgo, Orgulho e Preconceito e Zumbis, juro que tentei mas não rolou), e esse livro me convenceu! É a segunda vez que eu li ele, e amei. 

For Darkness Shows the Stars tem uma companion novel, um outro livro dessa mesma série mas que outros personagens são os principais, mas eu ouvi falar que gente desse livro aparece. Vou correr atrás! Além disso, tem uma história extra, que conta como foi o tempo de separação dos dois pelo ponto de vista do Kai. Nesse livro seu coração se parte em ver a Elliot, e no conto, o que restava vira cacos ainda menores ao ver o que o Kai passou antes de se juntar a Frota das Nuvens.

Amei e quero mais!


Por Nana Teixeira

Eu li: Trama - Michael Jensen e David Powers King


Título:
Trama
Autores:
Michael Jensen e David Powers King
Editora:
Arqueiro
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O sonho de Nels era ser cavaleiro do reino de Avërand. Filho obediente, ajudava como podia os moradores de sua pequena e tranquila aldeia. Querido por todos e tratado como herói, acreditava que logo seria selecionado como escudeiro da cavalaria.
Mas isso foi antes de ser assassinado por uma figura misteriosa.
Nels virou um fantasma, e agora só uma pessoa consegue vê-lo: a princesa Tyra, herdeira do reino e sua única esperança de entender o motivo do crime. A princípio, a jovem mimada não dá a menor confiança para o rapaz, mas, à medida que o mistério da morte dele vai se desenrolando, os dois percebem que têm em comum um segredo e um inimigo terrível, que pode se disfarçar de qualquer pessoa.
Nels e Tyra não têm escolha. Precisam fugir do castelo, desbravar um mundo oculto repleto de magia e espectros sombrios e encontrar uma agulha, a relíquia capaz de remendar o que foi descosturado na Grande Tapeçaria.


Trama foi uma grata surpresa pra mim: é uma história de fantasia infanto juvenil que me lembrou bastante a sensação que eu tive ao ler As Crônicas de Nárnia pela primeira vez. Michael Jensen passou dez anos imaginando o mundo fantástico por trás desse livro e se juntou a David Powers para inserir os personagens e desenvolver a história dentro desse novo universo.

A ideia por trás desse mundo é que o tempo é tecido através da Grande Tapeçaria e cada pessoa existente é uma linha que irá levar o tecido adiante. Ao morrer, o fio de uma pessoa é cortado e destecido da trama, mas suas ações em vida deixam sempre uma marca no tear do tempo. Aqueles que conseguem usar a magia da Urdidura (o poder mágico baseado nos fundamentos da costura e tecelagem da Grande Tapeçaria) obtêm grande poder e se tornam poderoso magos. Mas a Urdidura já se tornou uma arte quase esquecida.
- Paciência - respondeu Bosh - A Urdidura é uma arte tenaz que exige atenção meticulosa. - O velho baixou as mão para os bolsos e tirou um pequeno carretel de linha de um deles e uma tesoura de outro. - Como eu disse, cada pessoa é um fio valiosíssimo no desenho da Grande Tapeçaria, mesmo que pareça insignificante. As escolhas das pessoas fazem o tecido, e o tempo o comprime. - Bosh tirou um fio do carretel e cortou-o com a tesoura. - Quando uma vida acaba, o fio desse indivíduo é cortado e ele deixa para trás um padrão que foi tecido de forma permanente na Grande Tapeçaria durante toda a sua vida.
E nesse universo conhecemos Nels: um garoto obediente, que tem o sonho de se tornar um cavaleiro do reino de Avërand, mas é impedido pela mãe. Essa, cheia de segredos, nunca explicou a Nels sobre seu passado, sobre o porquê de morarem no meio da floresta ou sobre seu pai. Mas quando começamos a conhecer mais sobre o garoto e sua história começa a ser mais desenvolvida, ele é assassinado por uma figura misteriosa (calma, não é spoiler). 

É aí que entra Tyra, a princesa do reino de Avërand. Uma garota extremamente mimada, que tem alguns problemas com seus pais (o rei e a rainha) e, por algum motivo, é a única que consegue enxergar e conversar com o fantasma de Nels. Nenhum dos dois sabe exatamente o que está acontecendo com o garoto, como ele se tornou um fantasma ou porque somente Tyra pode vê-lo. Mas ambos terão que partir em uma jornada atrás de um artefato antigo da magia de Urdidura para poderem remendar a Grande Tapeçaria, uma missão que só eles podem cumprir.

Mapa do Mundo de Trama
Apesar de ter inúmeros (é ótimos) personagens coadjuvantes, a trama de Trama (oi?) é focada principalmente em Nels e Tyra. É até meio difícil determinar quem é o protagonista: no início do livro o foco é totalmente direcionado a Nels, mas ao longo do desenvolvimento, a jornada do herói é totalmente de Tyra. É ela quem recebe o chamado ao dever, a missão e é ela quem precisa evoluir e se tornar a heroína. Funciona muito bem como um conto de fadas as avessas e eu achei isso espetacular.

A dinâmica entre Nels e Tyra é o ponto alto do livro. Eles não se dão muito bem desde o início: Nels é humilde e honesto, mas é um camponês, algo que Tyra despreza. Ela é muito mimada, coisa que o garoto destesta. A relação dos dois tem um pouco de tudo, drama, humor, aventura e por aí vai. Numa parte você até começa a shippar os dois, apesar de um estar morto (eita). Junte a isso uma trama de mestre e aprendiz para explicar exatamente o passado do reino, a história dos pais e do assassinato do garoto e chegamos ao vilão da história: Rasmus. Ele foi a única coisa que realmente me incomodou no livro. Numa história tão boa quanto essa, achei ele genérico demais: parece estar ali só para levar a trama adiante e é bem pouco desenvolvido.

Mas, algo realmente espetacular desse livro, é o universo por trás dessa história. O mapa acima foi minimamente explorado pelos personagens e, mesmo assim já apareceu muita coisa. Por isso que no meu comentário inicial falei que lembrei muito da primeira vez em que li O Sobrinho do Mago (primeiro livro das Crônicas de Nárnia). A história de Trama é muito boa, engraçada e criativa (a ideia por trás da magia de Urdidura e a Grande Tapeçaria foram sacadas espetaculares), mas eu realmente fiquei com a sensação de que todo o universo que está em volta é muito maior e tem muito mais coisas a oferecer. 

O livro Trama em si tem a história fechada e redondinha. Mas eu vou lamentar de verdade se os autores não lançarem outras histórias desse universo. 

Pra mim foi uma ótima leitura. Recomendo de verdade para todo mundo e, minha nota final é:

Por Victor Rogério

Nerdice Pai D'égua #14: Injustice: a Guerra Civil da DC Comics


É isso, aí pessoal. Voltamos para mais uma episódio da nossa coluna de cultura nerd e vamos finalmente falar sobre a DC Comics. Hoje falaremos sobre um dos melhores games de luta já lançados e da HQ derivada dele: Injustiça: Deuses Entre Nós. Vamos começar?

O game é de 2013, produzido pela NetherRealm Studios (a mesma de Mortal Kombat), lançado para a 7ª geração de consoles (PS3, Xbox 360 e Wii) e é, basicamente, um jogo de luta entre personagens da DC. Posteriormente a história do jogo foi adaptada para um HQ que atualmente no Brasil está na edição nº 5 e é lançada pela Panini. A trama foi o grande diferencial trazendo uma pergunta que muita gente já fez: o que aconteceria se o Superman resolvesse virar um vilão? 



A história começa numa linha alternativa do tempo, com o Superman descobrindo que Lois Lane está grávida. Só que em meio a toda essa felicidade, um novo plano do Coringa entra em ação. Ele sequestra Lois e toda a Liga da Justiça é convocada para auxiliar nas buscas. O Superman é quem os encontra primeiro: a cena é num submarino e o Coringa e a Arlequina estão realizando alguma experiência com Lois. 

Antes que possa fazer qualquer coisa, o Superman acaba inalando um gás que o Coringa havia colocado no ambiente e, quando consegue se recuperar, percebe que naquele submarino está o Apocalipse e começa uma batalha contra o monstro, levando-o para a atmosfera da Terra. A batalha não dura muito e o vilão logo é derrotado, entretanto, quando volta a si, o Superman percebe que ele não estava lutando com o vilão, mas sim atacando Lois Lane. O gás que ele respirara era uma mistura da toxina do medo do Espantalho (vilão do Batman) misturada com kriptonita que o fez imaginar que sua esposa era o Apocalipse.


Ao mesmo tempo, o Coringa também havia programado uma bomba nuclear para explodir Metropolis assim que o coração de Lois parasse de bater. Com a esposa morta e sua cidade destruída, Superman muda completamente. Ele assassina o Coringa na frente do Batman e decide iniciar uma nova ordem mundial, onde ele define que todas as guerras devem cessar imediatamente. Com a maior parte da Liga da Justiça ao seu lado, o Superman resolve impor uma paz mundial a força, sendo que o Batman (discordando desse posicionamento) resolve fazer frente as suas ações autoritárias.

Batman: "Mas esse vilão era meu!"
No enredo do jogo essa é a cena inicial e logo em seguida somos levados a linha do tempo normal da DC, onde vemos que,após uma briga entre os heróis e os vilões, Aquaman, Batman, Coringa, Mulher-Maravilha, Arqueiro Verde e Hal Jordan são transportados para a dimensão onde o Superman agora é um ditador e governa o mundo. Controlando vários heróis e vilões a trama vai sendo desenvolvida e vamos descobrindo o que aconteceu exatamente com cada um dos personagens após a morte da Lois Lane e a explosão de Metrópolis e, também, vamos jogando para vencer várias lutas diferentes.

Já a HQ continua a trama e demonstra como a Liga da Justiça e os vilões da DC se separaram em dois times diferentes: um liderado pelo Superman com o objetivo de impor a paz mundial e acabar com todas as guerras a força; e o outro liderado pelo Batman tentando impedir que o Superman se torne o ditador do Mundo. 

Vale lembrar algumas partes mais interessantes da trama (e que lembram em muito a Guerra Civil da Marvel);
- O Superman é totalmente tratado como um vilão. Não há limites para o que ele faz, desde que ele consiga manter seu objetivo. Ele não exita em se aliar ao Sinestro, matar centenas de alienígenas que estão invadindo a Terra, espancar qualquer super herói que tente impedi-lo e por aí vai (mais ou menos como o Homem de Ferro); 

Detalhe para o barulho que a coluna do Batman fez...
- Os times são totalmente desbalanceados: a maior parte da Liga da Justiça permaneceu ao lado de Superman, sendo que o time Batman é composto, principalmente de personagens que não possuem poderes especiais (Arqueiro Verde, Arlequina, Aves de Rapina, Mulher Gato entre outros); 
Que time apelão, hein, Superman?
- O Flash é o personagem que fica em cima do muro: ele está do lado do Superman, mas, ao mesmo tempo, percebe que eles estão fazendo muita coisa errada para atingir o objetivo. Em muitas partes é ele quem tenta trazer um pouco de razão ao Superman, funcionando de uma forma muita parecida com o Homem Aranha em Guerra Civil.

Enfim, a HQ e o game são muito bons. A trama tem um pouco de tudo: ação, drama e até um pouco de comédia non-sense por parte da Arlequina (melhor personagem ever). Praticamente todos os personagens da DC vão aparecer até o fim da história. Até aqui já vimos desde Constantine até o Lobo e aparições do Monstro do Pântano e Mister Mxyzptlk estão confirmadas.  É super indicada para todo mundo e, para mim, uma das melhores histórias que estão sendo lançadas no momento.

Para terminar, vale lembrar que a continuação do jogo acabou de ser anunciada na E3. Segue o teaser de Injustice 2


E aí, curtiu? Não deixe de comentar...


Por Victor Rogério

Eu Li: Mentirosos - E. Lockhart


Título:
Mentirosos
Autora:
E. Lockhart
Editora:
Seguinte

Os Sinclair são uma família rica e renomada, que se recusa a admitir que está em decadência e se agarra a todo custo às tradições. Assim, todo ano o patriarca, suas três filhas e seus respectivos filhos passam as férias de verão em sua ilha particular. Cadence - neta primogênita e principal herdeira -, seus primos Johnny e Mirren e o amigo Gat são inseparáveis desde pequenos, e juntos formam um grupo chamado Mentirosos.
Durante o verão de seus quinze anos, as férias idílicas de Cadence são interrompidas quando a garota sofre um estranho acidente. Ela passa os próximos dois anos em um período conturbado, com amnésia, depressão, fortes dores de cabeça e muitos analgésicos. Toda a família a trata com extremo cuidado e se recusa a dar mais detalhes sobre o ocorrido… até que Cadence finalmente volta à ilha para juntar as lembranças do que realmente aconteceu.


Mentirosos é um livro muito difícil de falar, pois QUALQUER coisa que se diga pode ser um grande spoiler. Tentarei ser clara, mas sem revelar muita coisa, se é que isso é possível.

Cadence vem de uma família rica, perfeita e que vive de aparências. Os Sinclair são brancos, altos, com queixo quadrado metidos, e nunca aceitam "não" como resposta. O patriarca da família, avô de Cadence, tem três filhas e junto com suas famílias passam as férias de verão da Ilha Beechwood, paraíso particular da família. 

Na primeira página do livro Cadence nos apresenta a sua família de uma forma bem direta e resumida, e já dá pra ter uma ideia do tipo de pessoas que eles são. 

Bem-vindo à bela família Sinclair. Ninguém é criminoso. Ninguém é viciado. Ninguém é um fracasso. Os Sinclair são atléticos, altos e lindos. Somos democratas tradicionais e ricos. Nosso sorriso é largo, temos queixo quadrado e sacamos forte no tênis. Não importa se o divórcio retalha os músculos do nosso coração a ponto de mal conseguir bater sem esforço. Não importa se o dinheiro do fundo de investimento está acabando, se as faturas do cartão de crédito não são pagas e se acumulam sobre a bancada da cozinha. Não importa se tem um monte de frascos de comprimidos sobre a mesa de cabeceira. Não importa se um de nós está desesperadamente, desesperadamente apaixonado. Tão apaixonado que medidas desesperadas precisam ser tomadas. Somos Sinclair. Ninguém é carente. Ninguém erra. Vivemos, pelo menos durante o verão, em uma ilha particular perto da costa de Massachusetts. Talvez isso seja tudo o que você precisa saber a nosso respeito.

 Cady, Mirren e Johnny sempre foram inseparáveis, e no verão dos 8 (em que eles tinham 8 anos), Gat passou a frequentar a ilha. O único que fugia dos padrões dos Sinclair, pele morena, cabelos pretos e ondulados, é melhor amigo de Johnny, e desde que sua mãe morreu começou a fazer parte de um mundo ao qual ele claramente não pertencia. Quando Gat chegou à ilha passou a integrar o grupinho que denominaram de "mentirosos". Sempre causavam problemas nos verões, mas em um deles as consequências das travessuras foram sérias.

No verão dos 15, Cadence sofreu um acidente, mas não se lembra de nada do que aconteceu. A família se recusa a falar sobre o ocorrido e a garota passa dois anos longe da ilha. Desde então, ela tem dores de cabeça muito fortes, entrou em depressão e mudou completamente.

Meu nome completo é Cadence Sinclair Eastman. Moro em Burlington, Vermont, com minha mãe e três cães. Tenho quase dezoito anos. Tenho um cartão de biblioteca bem gasto e pouco mais que isso, embora more em uma casa enorme cheia de objetos caros e inúteis. Eu era loira, mas meu cabelo agora está preto. Eu era forte, mas agora sou fraca. Eu era bonita, mas agora pareço doente. É verdade que aguento terríveis enxaquecas desde o acidente. É verdade que não aguento idiotas. Gosto de distorcer significados. Percebe? Aguentar enxaquecas. Não aguentar idiotas. A palavra significa quase a mesma coisa nas duas frases, só que não. Aguentar. Você pode dizer que é o mesmo que “suportar”, mas não estaria cem por cento certo. 

Durante o tempo em que passou afastada de sua família, Cady tentou contato com seus primos por e-mail, mas sempre sem sucesso. Foram dois anos de sofrimento, até que ela decide retornar a ilha pra tentar lembrar do que aconteceu. Pode ser um reencontro doloroso, mas que trará todas as respostas de que ela precisa para seguir em frente. Ou não.

Esse livro mexeu muito comigo. Ao longo da narrativa nos deparamos com várias metáforas que a autora usa pra nos inserir ainda mais no sofrimento de Cadence. Compara as dores de cabeça com um caminhão a esmagando, as decepções com vários tiros no peito, e é através dessa perspectiva que vamos entendendo tudo o que se passa na cabeça da garota. Há certos momentos em que ela narra as histórias de suas tias como se fossem princesas que brigam por uma coroa. A coroa, no caso, é a herança. E em meio a todos esses conflitos familiares, esses quatro adolescentes buscam uns nos outros forças e um pouco de paz. A missão desse verão é ajudar Cady a lembrar do que aconteceu na noite do acidente, mas sem revelar nada, ela precisa descobrir sozinha.

Todo esse mistério me deixou bem nervosa, mas depois percebi que ao longo do livro tinham várias dicas que eu não consegui captar. E quando descobri, de fato, o que aconteceu, levei um soco no estômago. Olha eu usando as metáforas da Cady. Eu passei dias pensando nesse livro, no final desse livro, e em todo o contexto familiar em que Cadence estava inserida. Uma família aparentemente perfeita, mas que varria toda a sujeira pra baixo do tapete, e quando tudo vinha à tona as consequências atingiam até quem não tinha nada a ver.

Mentirosos é um dos meus livros preferidos, pois fala de uma realidade que muitas famílias vivem. A busca por manter as aparências acaba interferindo no relacionamento familiar e cria robôs em vez de pessoas. Essa busca exagerada por perfeição pode gerar tantas feridas que à curto prazo podem não ser aparentes, mas que depois de um tempo começam a mostrar seus primeiros sinais, principalmente nos mais frágeis. A autora consegue passar para o leitor toda a angustia da personagem durante todo o livro, e quando tudo é revelado não tem como não se emocionar e se fazer muitas perguntas.

É uma leitura marcante, e quando me pedem uma indicação de leitura, a primeira que me vem á mente sempre é Mentirosos. Com vocês não será diferente. Leiam esse livro, se permitam ter uma experiência que será única e sem dúvida irá marcar vocês.

Tem que ler!!!

Por Samara Barroso

Eu Li: Os Bons Segredos - Sarah Dessen


Título:
Os Bons Segredos
Autora:
Sarah Dessen
Editora:

Há segredos muito bons para serem guardados — e livros muito bons para serem esquecidos. Sydney sempre viveu à sombra do irmão mais velho, o queridinho da família. Até que ele causa um acidente por dirigir bêbado, deixando um garoto paraplégico, e vai parar na prisão. Sem a referência do irmão, a garota muda de escola e passa a questionar seu papel dentro da família e no mundo. Então ela conhece os Chatham. Inserida no círculo caótico e acolhedor dessa família, Sydney pela primeira vez encontra pessoas que finalmente parecem enxergá-la de verdade. Com uma série de personagens inesquecíveis e descrições gastronômicas de dar água na boca, Os bons segredos conta a história de uma garota que tenta encontrar seu lugar no mundo e acaba descobrindo a amizade, o amor e uma nova família no caminho.

Sarah Dessen é conhecida como a rainha do YA contemporâneo e enfim pude conferir um pouco de sua majestade. Com fortes indicações nas redes sociais e ótimas notas no goodreads, sempre tive curiosidade de ler algo da autora mas sempre tinha alguma prioridade na frente. 

No entanto, graças a um evento sobre YA que terá na cidade em breve, me dispus a ler “Os bons segredos”, que recebi há um tempo da editora Seguinte e... socorro... foi amor a primeiro livro! 
A narrativa de Sarah Dessen é tão fluída e confortável, mesmo enquanto narra um drama meio pesado, que parecia que eu estava ouvindo a história de uma amiga. 

“Os bons segredos” nos apresenta Sydney e sua família quase perfeita. Pelo menos era o que costumava ser. 
Os Stanford era uma daquelas famílias que faziam tudo o que deveria ser feito. Um pai bem sucedido, uma mãe participativa, uma irmão bonito e talentoso e uma doce garotinha. 
No entanto, tudo começou a desmoronar quando Peyton, o irmão mais velho de Sydney, se mete em vários tipos de encrencas. Começa com pequenos delitos que vão tomando proporções desastrosas quando Peyton é preso por causar um acidente que deixa uma pessoa paraplégica. Sydney, que sempre esteve a margem por causa de seu irmão, se vê novamente deixada de lado por seus pais. A prioridade sempre foi Peyton e ela já aceitou seu papel nesse roteiro. 

Sydney então muda de escola para tentar uma nova rotina – e ajudar os pais com as despesas – e lá conhece Layla. Por conviver com Peyton, Sydney sempre soube identificar uma pessoa solar; dessas que atraem as pessoas, e Layla é com certeza uma delas. O grupo de Layla acaba se tornando o grupo de Sydney e ela, de repente, se vê parte de um todo. Com a amizade de Mac, Eric, Irv e, claro, Layla, Sydney vai ter outra perspectiva do mundo. Afinal, novas pessoas sempre trazem consigo novas experiências para a vida. 

“Nos acostumamos com o jeito de ser das pessoas; contamos com ele. E quando o comportamento delas surpreende, para o bem ou para o mal, é capaz de mexer profundamente conosco.” 

Sydney fica bem envolvida com as novidades de sua nova vida. Ela frequenta muito a pizzaria da família de Layla e Mac, e acaba tendo a oportunidade de ajudar Mac com a entrega de pizzas. Dessa forma, ela pode ver pequenos fragmentos da vida das pessoas e perceber como tudo é singular. 

O processo de amadurecimento de Sydney é retratado de uma forma tão honesta que é impossível não se envolver com sua vida, suas dificuldades e suas dúvidas. Sarah Dessen traz um livro muito bonito de se ler e algo mais; uma reflexão importante sobre como a vida pode mudar de repente e nada podemos fazer a respeito. 
O interessante é que Sydney, mesmo sendo a protagonista da história, não foi a causadora dos fatos do enredo. E isso é muito familiar a qualquer ser humano. Nem sempre nós somos os responsáveis por grandes mudanças mas somos obrigados a mudar junto com as circunstâncias. 

“Era isso. Ninguém era capaz de saber o que viria adiante; o futuro era a única coisa que jamais poderia ser destruída, porque ainda não tivera a chance de existir. Num minuto, você está andando sozinha pelo bosque escuro; noutro, a paisagem muda, e você enxerga. Enxerga algo maravilhoso e inesperado, quase mágico, que jamais teria encontrado se não tivesse seguido em frente. Como uma nova amizade que parece antiga, uma lembrança que nunca vai esquecer. Talvez até um carrossel.” 

“Os bons segredos” é o primeiro de muitos livros que, com certeza, lerei de Sarah Dessen. A autora me ganhou com sua escrita harmoniosa e com seu olhar empático para os problemas de jovens adultos. Por tudo que já ouvi falar, seus livros são muito fáceis de amar e claramente sou mais uma apaixonada.

Tem que ler

Por Fernanda Karen

Eu Li: O Restaurante no Fim do Universo - O Guia do Mochileiro das Galáxias #2 - Douglas Adams



Título: O Restaurante no fim do Universo

Autor: Douglas Adams

Editora:Arqueiro

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O que você pretende fazer quando chegar ao Restaurante do Fim do Universo? Devorar o suculento bife de um boi que se oferece como jantar ou apenas se embriagar com a poderosa Dinamite Pangaláctica, assistindo de camarote ao momento em que tudo se acaba numa explosão fatal? A continuação das incríveis aventuras de Arthur Dent e seus quatro amigos através da galáxia começa a bordo da nave Coração de Ouro, rumo ao restaurante mais próximo. Mal sabem eles que farão uma viagem no tempo, cujo desfecho será simplesmente incrível. O segundo livro da série de Douglas Adams, que começou com o surpreendente "O Guia do Mochileiro das Galáxias", mostra os cinco amigos vivendo as mais inesperadas confusões numa história cheia de sátira, ironia e bom humor. Com seu estilo inteligente e sagaz, Douglas Adams prende o leitor a cada página numa maravilhosa aventura de ficção científica combinada ao mais fino humor britânico, que conquistou fãs no mundo inteiro. Uma verdadeira viagem, em qualquer um dos mais improváveis sentidos.


Olá, pessoal. Tudo bem?
Estamos de volta ao universo de livros mais louco do mundo nerd: a trilogia de cinco livros de Douglas Adams. 

Após passarem por diversos perigos, navegando pela galáxia, após a destruição da Terra; perseguidos por Vogons, ratos e mais uma infinidade de coisas; Zaphod, Trillian, Ford, Arthur e Marvin, o androide paranoide, continuam a bordo da Coração de Ouro (nave roubada por Zaphod no primeiro livro). Eles ainda estão atrás da pergunta fundamental (para entender como a resposta para A Vida, O Universo e Tudo Mais pode ser 42), mas antes eles terão de fazer uma viagem pelo tempo para chegar ao Milliways, um restaurante que fica literalmente há alguns minutos do fim do universo (daí o título do livro). 

É meio difícil explicar exatamente o que é o Restaurante no fim do universo, mas é possível resumir o Milliways em alguns tópicos:
- Basicamente é um restaurante da mais alta classe que fica localizado à beira do vórtice do fim do Universo;
- Não importa a que era você pertença ou pertenceu, você poderá chegar lá e fazer uma ótima refeição, apreciando a total destruição de tudo o que existe e, depois, voltar normalmente à seu tempo. 
- Reservas não são necessárias: como ele existe no exato momento onde o Universo acaba, basta que você compareça até ele e, após sua refeição, ao voltar ao passado, faça a reserva, mesmo depois de ter ido. Afinal você ainda não foi.
- Pagar a conta não é um problema: basta que você deposite alguns centavos numa poupança e, quando chegar ao fim do Universo, o dinheiro terá rendido o suficiente para pagar o preço astronômico da sua conta.
- Uma vaca irá servir oferecer as próprias partes do corpo para você, de bom grado, em voz alta e bom tom.

Muito louco? Não, é só o Douglas Adams surtando novamente.

O Restaurante no Fim do Universo é um dos acontecimento mais extraordinários em toda a história dos restaurantes.
Foi construído a partir dos restos fragmentários de um planeta em ruínas que se encontra (tereria sendo encontraraído) fechado numa vasta bolha de tempo e projetado em direção ao futuro até o exato momento preciso do fim do Universo. (...)
Muitos alegam que isto não só é completamente impossível como também claramente insano, e foi por isso que o pessoal do marketing do sistema estelar de Bastablon criou o slogan: "Se você fez seis coisas impossíveis esta manhã, por que não terminar seu dia com uma refeição em Milliways, o Restaurante no fim do Universo?"
O livro é consideravelmente mais surtado que o primeiro. Douglas Adams vai evoluindo cada vez mais as ideias por trás do Guia do Mochileiro das Galáxias, dando novos conceitos e verbetes, há mais uma nova infinidade de raças e planetas que aparecem ao longo da trama e a ironia de um restaurante localizado no exato momento onde o Universo é completamente destruído é digna de palmas. O autor estava completamente afiado em suas críticas e metáforas e esse é um dos pontos mais altos desse segundo livro. Uma das melhores está na fala do gerente do Milliways ao apresentar o grande espetáculo da noite:
- É maravilhoso - continuou - ver todos vocês aqui esta noite. Sim, absolutamente maravilhoso. Porque sei que muitos de vocês vêm aqui diversas vezes, o que eu acho realmente fantástico, vir aqui e assistir ao fim de tudo, e então retornar para casa, para suas próprias eras... e construir famílias, lutar por novas e melhores sociedades, combater em guerras terríveis em nome do que acham certo... isso realmente nos traz esperança no futuro de todos os viventes. A não ser, é claro - e apontou para o redemoinho que relampejava acima e ao redor dele -, pelo fato de sabermos que não haverá futuro algum...
Apesar de ser muito engraçado e manter o humor do Guia do Mochileiro das Galáxias (primeiro livro da série), O Restaurante no fim do universo tem uns trechos um pouco arrastados. A trama não é tão clara quanto o primeiro livro e em alguns pontos não se sabe exatamente em que direção os personagens estão sendo levados. Tem trechos que são tão surtados que é difícil até de entender exatamente o que está acontecendo na cena. Apesar disso, continuamos tendo vários quotes do Guia do Mochileiro das Galáxias (agora falando do manual mesmo), que vez ou outra acabam por melhorar um pouco as partes mais lentas do texto.

O segundo livro é quase tão bom quanto o primeiro, mas a minha nota final é:



Por Victor Rogério