Título:Selva ConcretaAutor:Edyr AugustoEditora:BoitempoAno:2012Ambientado em Belém, o romance traz incômodas semelhanças com a experiência urbana de qualquer cidade na periferia do capitalismo. Explorando as patologias e os vícios do submundo próprios às metrópoles brasileiras, marcadas pela má distribuição de renda e pelo abuso de poder, Edyr compõe um retrato inusitado e desconfortante do Brasil contemporâneo. O fluxo intenso da narrativa submerge as múltiplas fisionomias da obra na cadência fragmentada da cidade: o policial corrupto, o playboy, o apresentador de TV picareta, o radialista ávido por um furo de reportagem, o cagueta, o assassino de moças, a cantora queridinha, a mulher do malandro, o boa-praça e outros tipos compõem o universo urbano de quem vive em uma “selva concreta” marcada pela violência que vemos nas manchetes policiais e pela sujeira que está por trás delas.
Durante a quarentena dei giros e giros entre gêneros literários e as indicações que tenho dado no blog servem de testemunha. Comecei "Selva concreta" no dia das bruxas, bem no final de outubro, pois queria uma história da vibe do terror.
E, nesse caso, um terror que perpassa a realidade de forma brutal.
Edyr Augusto tem o perfil de apresentar em ficção algo que não está só em nosso imaginário. Basta dar uma olhadinha no jornal que conseguimos visualizar traços de suas histórias.
O protagonista da história é o delegado Gil e o seguiremos em um compilado de investigações sobre os mais diversos crimes. No entanto, não se enganem, Gil está longe de ser um herói. Pelo contrário, ele comete erros com consequências terríveis e tem uma severa tem pré-disposição para o alcoolismo.
A selva concreta que o delegado Gil encontra todos os dias é um reflexo terrivelmente fiel da realidade de um centro urbano.
Importante constar que Edyr Augusto é autor paraense e, como tal, faz referências riquíssimas de alguns municípios, inclusive da capital Belém, tanto do ponto de vista da linguagem como da geográfica.
Entre corrupções, bandidos ricos e blindados, mortes inocentes, rivalidades comerciais, casos de prostituições que revelam um circuito imenso por trás e mídias sensacionalistas, as histórias se interligam por alguns momentos para depois tomarem rumos próprios; rumos esses que são perversos e, muitas vezes, insolucionáveis.
A narrativa de Edyr é intensa, sem pausa. Me vi perdendo o folego algumas vezes. Talvez isso se dê pelo fato de os diálogos não serem especificados; as trocas entre os personagens estão inseridas diretamente na prosa. Os demais livros que li do autor também tinham essa característica e a sensação que dá é o de história corrida, que não há tempo a perder.
"Selva concreta" é um livro curto, porém denso. Ouso constar que possui gatilhos para quem é fragilizado com casos de violências e abusos.
Se aproxima bastante de um thriller policial porém não esperem personagens íntegros e ávidos pela justiça, muito menos respostas aceitáveis.
Essa selva está muito próxima da nossa própria realidade de Belém, de Brasil.
É uma leitura que está disponível no kindle unlimited. Cuidado na viagem.
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