Eu Li: Um Planeta em Seu Giro Veloz - Uma Dobra no Tempo #3 - Madeleine L'Engle


Título: 
Um Planeta em Seu Giro Veloz
Autora: 
Madeleine L'Engle
Editora: 
Harper Collins
Série: 
Uma Dobra no Tempo

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Um unicórnio, um menino e o vento, juntos em uma só velocidade!
Quando Charles Wallace Murry, agora com quinze anos, grita em desespero a invocação de uma antiga runa para afastar a escuridão, uma criatura radiante aparece. É Gaudior, unicórnio e viajante do tempo. Charles Wallace e Gaudior devem viajar até o passado através dos ventos do tempo e tentar encontrar um Pode-Ter-Sido, um momento do passado em que todos os eventos que se seguiram até o presente podem ser mudados, e o futuro da Terra – esse pequeno planeta em seu giro veloz – pode ser salvo.

Atenção, esse é o livro 3 da série Uma Dobra no Tempo e essa resenha pode conter alguns spoilers dos anteriores. Você pode acessar as outras resenhas AQUI e AQUI.

Finalmente chegamos ao 3º livro da série Uma Dobra no Tempo, trazendo o trabalho gráfico maravilhoso das duas edições anteriores feito pela Harper Collins, que aliás, já confirmou o quarto livro "Muitas Águas" para os próximos meses.

Em Um Planeta em Seu Giro Veloz tudo mudou. O cenário inicial da trama agora é completamente diferente dos anteriores. Todos cresceram, Charles Wallace agora tem 15 anos e Meg está casada com Calvin e à espera do primeiro filho do casal. Os patriarcas da família Murry prosseguiram com suas pesquisas e agora tem contato direto com o Presidente dos EUA e os gêmeos, cada um seguiu uma área de estudo específica. Fiquei muito triste, inclusive, de saber que o cachorro da família, o Fontrinbras, morreu... ;(. A situação, no entanto, não é nada boa. O mundo está a beira de uma guerra, fruto das loucuras de um ditador que comanda uma nação fictícia na América do Sul e está muito próximo de atacar os EUA com armas nucleares. Somente Charles Wallace e Gaudior (um unicórnio que surge para ajudá-lo em sua missão) podem viajar através do Pode-Ter-Sido e descobrir uma solução para esse conflito.

Sabem meus caros, o mundo é anormal há tanto tempo que esquecemos como é viver em clima pacífico e sensato. Se devemos ter paz ou razão, temos que criá-las em nossos corações e lares.

Um Planeta em Seu Giro Veloz, mesmo tendo uma mudança completa em seus personagens, não é muito diferente dos livros anteriores em sua estrutura. Há um grande problema que precisa ser resolvido por alguém da família Murry (Charles Wallace, no caso), surge alguma criatura mística (que nesse livro se apresenta na figura de Gaudior, um unicórnio que pode viajar no tempo) e ambos vão tentar resolver tudo usando alguma teoria que misture ficção científica e fantasia (que nesse caso é o poder de viajar para o Pode-Ter-Sido e Adentrar às mentes das pessoas desse passado). Dessa forma o livro tinha um potencial para ser tão bom quanto os anteriores, mas, para mim algumas coisas não funcionaram.

Apesar de ter o texto fluido de Madeleine L'Engle, a trama é um tanto repetitiva. Primeiro, as viagens para o Pode-Ter-Sido (que levam Charles e Gaudior a vários tempos diferentes para analisar como o mundo atual chegou a essa situação) geram algumas histórias que são completamente desinteressantes. O objetivo aqui é descobrir como vários fatos históricos levaram à persona do vilão, o ditador Branzillo MadDog, com uma dinâmica que me lembrou muito as memórias ligadas a Voldemort em Harry Potter e o Enigma do Príncipe. Mas, o grande problema é que todas elas são longas e em boa parte delas acabou sendo bem difícil de entender as interligações. Tanto é que, logo após o fim de cada história, sempre existe uma explicação do que aconteceu e o que poderia ter acontecido.

Segundo, existe a questão dos símbolos e signos cristãos da obra: nos livros anteriores eles se apresentam de uma forma bem velada, algo que lembra muito a dinâmica de As Crônicas de Nárnia. Mas aqui no terceiro livro, a texto que era metafórico ficou extremamente óbvio citando diretamente vários elementos ligados à religião, a ponto em que alguns momentos se torna chato e monótono. Há monólogos de alguns personagens que surgem meio que fora de contexto, quase como um sermão de uma missa.

Fora isso, todos os personagens continuam bem interessantes quanto nos livros anteriores. Apesar de Meg não participar diretamente da aventura principal, ela acaba sendo de total importância para todo o desenvolvimento dos mistérios. Gaudior, o elemento fantástico da vez se mostrou também bastante interessante e a dinâmica dos conceitos de viagem no tempo (que nesse livro se apresentam de uma forma diferente de qualquer outra que eu já vi) trazem alguns pontos bem singulares para toda a trama.

Em resumo, apesar de considerar um livro um tanto inferior aos dois primeiros da série, é um leitura rápida que vale muito a pena.


Gerente de projeto, editor de video, de áudio, podcaster, escritor (sem nada publicado) e cozinheiro quando dá tempo.

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