Eu Li: Um Vento a Porta - Uma Dobra no Tempo #2 - Madeleine L'Engle

Não pensei ser possível, mas é mais
bizarro que o primeiro...
Título:
Um Vento à porta
Autora:
Madeleine L'Engle
Editora:
Harper Collins
Série:
Uma Dobra no Tempo


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Charles Wallace está em perigo. E o mundo todo também.
Quando a família Murry pensava que os problemas haviam terminado, um novo desafio surge. Charles Wallace agora tem seis anos de idade e na escola o menino se tornou um problema. Sofrendo bullying constante, Meg acha que o novo diretor da escola deveria ser responsável pelo menino, mas Charles Wallace fica terrivelmente doente antes que ela possa ajudá-lo.
Mas há algo estranho acontecendo. Charles Wallace diz a Meg que há dragões no quintal de casa e ela descobre que os dragões na verdade são Proginoskes, querubins feitos de asas, vento e chamas. E mais uma vez este é só o começo de uma nova aventura, onde Meg e seu amigo Calvin precisam correr contra o tempo para salvar seu irmãozinho. E, para fazer isso, eles devem partir em uma viagem para dentro do corpo do menino e lutar para restaurar a brilhante harmonia do universo.
Junte-se a Meg, Calvin e Charles Wallace nesta nova aventura repleta de seres incomuns, mundos novos e muitos heróis que precisam ultrapassar seus medos para salvar o mundo!



E voltamos para a série Uma Dobra no Tempo, que provavelmente até o quinto livro vou ter certeza de ser as coisa mais bizarra que eu já li (considerando nessa lista O Guia do Mochileiro da Galáxia). Alias, Um Vento a Porta é o livro 2 da série. Já resenhei o primeiro livro AQUI.

Um Vento à Porta trás uma continuação direta de Uma Dobra no Tempo, começando aparentemente pouco tempo depois do final do primeiro livro. Após os eventos que levaram Meg, Charles Wallace e Calvin a dobrarem no tempo/espaço, encontrarem o patriarca da família Murry e a sombra que estava apagando estrelas no espaço, tudo voltou ao normal. Charles Wallace, por ser uma criança diferente de qualquer outra (um menino de seis anos que explica sobre mitocôndrias melhor que muito professor de biologia por aí) agora está tendo problemas com os garotos de sua escola, mas isso não é tudo: Charles Wallace também está diferente. Ele está com algum misterioso problema de saúde e Meg sabe que sua mãe está preocupada tentando descobrir exatamente o que está acontecendo. Quando surgem Proginoskes e Blajeny, duas entidades misteriosas, Meg descobre que deverá passar por três testes sendo que de seu sucesso depende não só a saúde de seu irmão Charles Wallace, como também a segurança de todo o universo.

Ainda temos as estrelas que se movimentam em ritmo belo e ordenado. Ainda há pessoas nesse mundo que mantém suas promessas. (...) Isso já basta para dar otimismo  ao meu coração, independente do pessimismo na minha mente.

No segundo livro da série, Medeleine L'Engle expande o universo mágico/científico de Uma Dobra no Tempo e apresenta duas novas entidades que irão auxiliar Meg em suas aventuras. Se no primeiro livro temos as Sras. Quequeé, Quem e Qual, no segundo livro temos o professor Blajeny e o querubim Proginoskes (que são tão bizarros quanto). A autora repete também o mesmo conceito do primeiro livro em se misturar conceitos científicos com fantasia, mas aqui, ao invés de se utilizar de física, somos apresentados principalmente a conceitos biológicos. Sabemos que Charles Wallace está doente e que isso tem a ver de alguma forma com sua mitocôndrias. Aliás, palmas novamente para Medeleine: se no primeiro livro, ela consegue explicar conceitos de física avançada de forma clara num livro infantil, aqui temos um diálogo entre Charles e Meg que explica perfeitamente o que é uma mitocôndria de forma que qualquer criança entenda.

Novamente, nesse segundo livro é meio estranho tentar resumir qualquer coisa que seja da trama: é um livro até bem curto (222 páginas), mas o conteúdo é tão lisérgico e psicodélico (até mais que o primeiro) que qualquer frase tentando resumir vai ser bizarra. Principalmente porque nesse segundo livro os conceitos fantásticos também foram expandidos. Da mesma forma que o anterior, fantasia e sci-fi se confundem e completam de um jeito que é interessante e louco ao mesmo tempo.

Outros destaques do texto são a evolução dos personagens. Meg, está um tanto diferente aqui. Até sabemos que os acontecimentos do primeiro livro mudaram a cabeça da garota, mas isso é perceptível em suas decisões e em como ela se desenvolve ao longo da trama desse segundo livro. Charles Wallace também passa por um processo parecido, apesar de que, o resultado no final é completamente diferente para ambos personagens.

Algo que eu não tinha percebido no primeiro livro e que foi destaque pras mim no segundo, é o fato de que existem vários conceitos filosóficos e metafóricos escondidos ao longo da trama. Medeleine (mais ou menos como C. S. Lewis nas Crônicas de Nárnia) também insere alguns detalhes que rementem a conceitos religiosos e reflexivos sobre a humanidade. Isso é tão sutil que pode passar despercebido, mas pode ser bem interessante de analisar.

Enfim, Um Vento a Porta continua sendo uma ótima história dentro desse universo louco e que eu continuo recomendando a todos.



Gerente de projeto, editor de video, de áudio, podcaster, escritor (sem nada publicado) e cozinheiro quando dá tempo.

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