Eu li: Pesadelos Infaustos - Breno Torres

Que capa fofa!
Título:Pesadelos Infaustos
Autor: Breno Torres

Editora: Arwen

Ano: 2017
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Nevoeiros povoam as utopias e cotidianos das infaustas criaturas dos mundos desde as remotas eras. Caminhando no tênue limiar entre pesadelos e triunfos, os peregrinos dos universos, em suas eternas buscas por conquistas e glórias, confrontam os enredos obscuros que Algo ou Alguém – Deus? – tece para cada um de seus passos, deparando-se com as sombras, melancolias e temores inevitavelmente encontrados no caminho. O que de profano, ultrarromântico, caótico e celestial ecoa nas narrativas dos andarilhos dos mundos? Há espaço para a contraditória natureza angélica e demoníaca do ser? Há salvação para os mais miseráveis e condenados errantes das raças?
Descubra através das páginas de Pesadelos Infaustos, a obra de estreia de Breno Torres no mundo do Terror.


Pesadelos Infaustos é o primeiro livro solo do autor Breno Torres e lançamento da editora Arwen. Suas páginas reúnem um antologia de contos de terror e fantasia com diversas criaturas fantásticas, desde as clássicas como bruxas e lobisomens até algumas mais obscuras e menos conhecidas como o Upir e a Érato. São, no total, dez contos, todos envolvendo alguma criatura mística, com um texto altamente poético, inspirado e descritivo, com toques de terror vitoriano e um certo sadismo em algumas cenas mais violentas.

Racionalidade. A assassina mordaz da loucura saudável que é a criatividade na camadas mais profunda de sua essência. Assassina que não só matou os que valorizaram sua loucura, como também o que de gigantesco provinha dela.

O terror aqui é bem diferente do que estamos acostumados com um contemporâneo e visceral do Stephen King ou perturbador como Lovecraft ou ainda o sadomasoquista de Clive Barker (apesar de ter sentido alguns toques desse estilo nos contos). Aqui tudo é bem mais sutil, lembrando o estilo mais clássico. Os personagens inclusive parecem muito inspirados nos clássicos de terror, sem contar as várias menções as obras de Anne Rice, Robert Louis Stevenson, Bram Stoker e outros. Em alguns momentos me senti assistindo Penny Dreadful de novo. 


Dos dez contos queria destacar aqui quatro:

O Canto do Querubim: o primeiro conto do livro. É bem curtinho e narra as desventuras de um padre tentando resistir as tentações de um demônio. Aliás, é bem complicado você ser padre ou altamente religioso nos contos desse livro.

Aos vales dos condenados: não vou revelar exatamente qual a criatura desse conto, pois o spoiler poderia estragar a experiência. Mas o que eu achei extremamente interessante é que há um trecho inicial que funciona quase como um monólogo e você inicialmente não entende qual a ligação dele com a história, até que se entenda a trama. Quando eu finalmente liguei o pontos, funcionou quase como um plot twist para mim.

Érato, a última: sem dúvida o mais poético de todos. Ele se apresenta quase que inteiramente como um monólogo (o trecho citado acima é desse conto), narrando a tristeza do esquecimento de Érato (uma musa da mitologia grega) e de suas irmãs. É bem interessante analisar o texto detalhadamente para se entender todas as metáforas.

Bolero de sangue: esse foi o que me deixou mais intrigado. Primeiro por apresentar essa figura que eu não conhecia, o Upir (tá, quem assistiu Hemlock Grove sabe do que eu estou falando). Ele é como se fosse um vampiro das lendas ucranianas, mas, diferente do clássico, esse pode andar sob o Sol sem sem queimar (ou brilhar). Nesse conto ele se apresenta como uma figura pansexual, estando a procura de prazer carnal e um servo. Vale muito pela referência a O Médico e o Monstro.

Enfim, Pesadelos Infaustos é um ótimo exemplar de terror clássico e poético. Realmente recomendo para todos.


E não percam, hoje as 18:00hs, o lançamento do livro na Livraria Fox da Dr. Moraes:

Gerente de projeto, editor de video, de áudio, podcaster, escritor (sem nada publicado) e cozinheiro quando dá tempo.

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