Na Tela #30: A maldição da residência Hill

Olá, leitores! 
Enfim criei a coragem que me faltava para abordar esta que é, definitivamente, uma das minhas séries favoritas. E isso é bem estranho pois se trata de uma série de terror e não sou uma pessoa muita adepta a gostar ou consumir o gênero, porém há elementos nessa história que são preciosos, incríveis, reflexivos e eu amo isso! 

Dor

Isso também se deve ao fato de eu ter conseguido, enfim, ler "A assombração da casa da colina", de Shirley Jackson, obra literária que inspirou a série de TV. 
Neste post vou abordar os dois formatos que, já antecipo, são bastante distintos, porém interessantes em diferentes aspectos.
Vem comigo? 
O livro 

Título:
A assombração da casa da colina
Autora:
Shirley Jackson
Editora:
Suma
Ano:
2018

Sozinha no mundo, Eleanor fica encantada ao receber uma carta do dr. Montague convidando-a para passar um tempo na Casa da Colina, um local conhecido por suas manifestações fantasmagóricas. O mesmo convite é feito a Theodora, uma alma artística e “sensitiva”, e a Luke, o herdeiro da mansão.
Mas o que começa como uma exploração bem-humorada de um mito inocente se transforma em uma viagem para os piores pesadelos de seus moradores. Com o tempo, fica cada vez mais claro que a vida, e a sanidade, de todos está em risco.

 

Escrito em 1959, "A assombração da casa da colina" é considerado um clássico do gênero literário terror. A autora, Shirley Jackson, é uma referência no assunto e já influenciou grandes nomes, como Stephen King e Neil Gaiman. 
É uma história de terror naqueles moldes interessantes que nos poupam de sustos mas que entregam muito na aflição e detalhes nas entrelinhas. 
A narrativa já inicia apresentando a casa, aquele espaço misterioso, aquela que é "desprovida de sanidade". Dr. Montague é um estudioso que tem a pretensão de comprovar cientificamente que atividades sobrenaturais são reais, desta forma, ele convida algumas pessoas que possuem certo histórico com questões sobrenaturais no passado e os convida a passar o verão na casa da colina. Ele conta com a pré-disposição desses personagens para captar situações diferentes e relatá-las de maneira criteriosa para fins científicos. 

Eleanor Vance é uma mulher que perdeu a mãe recentemente e sente que não viveu absolutamente nada. O convite de Dr. Montague é considerado um presente para assumir riscos que, em circunstâncias normais, jamais assumiria. Theodora é uma mulher espirituosa e falante. E ela teve uma briga séria com a amiga que dividia o apartamento então aproveitou a oportunidade para se afastar e viver uma nova aventura. Luke Sanderson é o herdeiro da casa da colina. É, também, um jovem inconsequente de uma família rica. Sua tia impôs como um fator que a casa da colina só poderia ser alugada se tivesse um representante da família e foi assim que Luke compôs o pequeno grupo de estudo do Dr. Montague.
Há também as figuras misteriosas do casal Dudley, que cuidam da casa no dia-a-dia mas que nunca ficam após o crepúsculo. 

Todos chegam na casa da colina com expectativas e certa curiosidade e são surpreendidos com situações misteriosas e alarmantes. É uma casa estranha, com vontade própria, e que tem a sua própria construção envolta em questões dramáticas e mal resolvidas. 
Os convidados do Dr. Montague vão lidar, sim, com situações inexplicáveis e interessantes, no entanto, me parece que em alguns casos que a força da mente é mais poderosa do que qualquer assombração propriamente dita. 

A obra de Shirley Jackson era publicada pela Editora Suma, no Brasil, e vai ganhar uma nova roupagem pois vai começar a sair pelo selo Alfaguara, também da Companhia das Letras. 

A série

A série inspirada no livro foi lançada em 2018 pela Netflix, sob responsabilidade de Mike Flanagan, e arrepiou os cabelos de muitos, afinal, é uma autêntica obra de terror audiovisual. 
Diferente do livro, tem sustos, visagens concretas e cenas que são realmente de arrepiar!

Minha pobre criança 


A série foi repensada de forma distinta da obra literária, porém muito eficaz. Isso significa que é possível ver bastante do livro na série, no entanto, o roteiro foi entregue de maneira diferenciada e (me arrisco a dizer) mais elaborada. 
Enquanto no livro temos um grupo de pessoas dispostas a concretizar o sobrenatural, na série de TV vemos uma família que realizou a mudança para uma nova casa com a intenção de reformá-la e vendê-la. A família Crain é composta por um pai, uma mãe e cinco irmãos e todos eles serão impactados de forma sinistra e definitiva pela casa. 
A série apresenta dois espaços temporais: em 1992, enquanto os pais estão reformando a casa e os filhos são crianças; os gêmeos, que são caçulas, Eleanor e Luke (óh os nomes!) sofrem de maneira terrível com as visagens e assombrações. Coisa pesada mesmo. Além disso, todos os componentes da família terão ao menos uma experiência inexplicável e estranha que vão marcá-los de forma irreparável.
O outro espaço temporal é na atualidade, quando os filhos já estão todos adultos com suas vidas sendo construídas e claramente com complexidades alarmantes, cada um com seu próprio fantasma muito particular. E isso se deve as experiências vivenciadas na casa, lá em 1992, pois aconteceu algo naqueles anos de suas infâncias que fez o pai se ausentar e, bem... causou uma tragédia com a mãe. 

Os episódios são carregados de dramas íntimos e interessantes pois é perceptível que a influência do tempo vivido da casa os tocou de forma irreversível. Absolutamente ninguém saiu ileso. 
Paralelo aos dramas de adultos, a cada capítulo somos convidados a desvendar qual foi o ponto de ruptura na casa. Qual foi o limite que fez Hugh Crain, o pai, fugir correndo na madrugada com todas as crianças e deixar Olivia Crain, a mãe, sozinha; o que trouxe consequências terríveis. 

ESSE EPISÓDIO É O MEU LAUDO


Preciso pontuar veementemente: "A maldição da residência Hill" é mais que uma série de terror, meus caros. É uma série sobre dramas familiares, sobre luto, traição, vícios, e sobre a ação misteriosa do tempo. Mas também é uma série sobre amor, sobre resistência e enfrentamento. 
A série aborda temas importantes e complexos de uma forma forte e, de certa maneira, até filosófica. Os elementos fantásticos estão lá, definitivamente, e os sustos são extremamente reais mas quando concluímos os episódios  somos inspirados a refletir temas que nos tocam enquanto seres humanos, no campo palpável da realidade. 

Eu precisei assistir a série mais de uma vez para pegar alguns detalhes importantes para uma reflexão profunda. Acredito que ao assistir pela primeira vez o espectador fica muito impressionado com os sustos (porque, de novo, são SUSTOS, hein. Dá medo, sim!) mas, como supracitado, os temas abordados são tão profundos que se conseguirmos nos desprender da seara do medo propriamente dito, seremos maravilhosamente recompensados.

Os atores são lindos e para quem costuma assistir séries da Netflix será fácil de reconhecê-los. O elenco apresenta Michiel Huisman, Elizabeth Reaser, Oliver-Jackson Cohen, Kate Siegel e Victoria Pedretti como os irmãos já adultos e Carla Gugino e Henry Thomas como Olivia e Hugh Crain como os pais. A versão mais velha do pai é apresentada por Timothy Hutton.  
Confiram o trailer oficial legendado que já me soltou um ALELUIA, ARREPIEI: 



Bom, leitores, as obras são ótimas e imperdíveis. Se vocês são dos tipos que não consomem terror, devo alertá-los que estão perdendo uma obra maravilhosa. Com relação especificamente ao livro, pode ler sem problema pois não dá tanto medo quanto a série de TV; é mais aquela boa e velha aflição. 
Se de alguma maneira eu os convenci a consumir essas obras cês me avisem pois eu AMO falar sobre essa história com spoiler e com informações mais pontuais. O post está adequado para quem quer conhecer SEM SPOILER então aproveitem!

Até a próxima! 


Assistente social apaixonada por livros. Militante da transformação social através da literatura.

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