Eu li: Flores partidas - Karin Slaughter

Título:
Flores partidas

Autora: 
Karin Slaughter

Editora:
Harper Collins

Ano: 
2017

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Irmãs. Estranhas. Sobreviventes. 

Quando Lydia contou para a irmã que o cunhado havia tentado estuprá-la, Claire não acreditou. Dezoito anos depois, porém, tudo o que Claire achava saber sobre o marido se prova uma mentira. Quando vídeos escondidos no computador de Paul mostram uma face terrível do homem que ela julgava conhecer, Claire percebe que o drama de sua família tem muitas camadas, que precisarão ser descobertas antes que a assustadora verdade por fim venha à tona.


Quando eu penso que já li de tudo, vem a Karin Slaughter e diz: nananinanão!  Flores Partidas acabou com as minhas estruturas e por dias eu só vivi pra ele, pra tentar desvendar todo o mistério e tragédia que envolve essa família. 

Sam e Helen eram os pais apaixonados de três filhas: Julia, Lydia e Claire. Julia, a mais velha, estava na faculdade e era super envolvida com o movimento estudantil. Lydia, a do meio, era a rebelde que adorava uma farra e começava a ter seus primeiros problemas com drogas. Claire, a mais nova, era uma adolescente muito observadora, mas nunca gostava de chamar a atenção pra si. E esse é o perfil da família Delgado. Todos muito diferentes um do outro, mas se amavam e se apoiavam incondicionalmente, até que o pior pesadelo deles começou.

O livro começa com uma carta de Sam à sua filha desaparecida Julia. As cartas do pai eram uma tentativa de se convencer que a filha voltaria, mesmo que já tivesse se passado anos de seu desaparecimento. Um caso que nunca foi solucionado, até então. Muitos especulavam que a garota, na época com 19 anos, tinha ido morar com alguma comunidade hippie. Outros especulavam que tinha fugido com algum namorado da faculdade. Mas nada de concreto.  


Quando Julia desapareceu, todo mundo dizia que era muito trágico algo tão ruim acontecer com uma garota tão bacana. Então, quando o delegado revelou a teoria de que ela havia fugido de casa - para se reunir a uma comunidade hippie ou ficar com um rapaz -, o tom mudou, passando de simpatia para acusação.

Era março de 1991. A paz que pairava nesse lar mudou. Julia desapareceu. Lydia sucumbiu às drogas. Claire não entendia por que os pais se concentravam em procurar uma filha que talvez nunca voltaria, ao invés de olhar pra ela. Anos depois Sam e Helen se separaram e o pai não aguentou  a dor de viver os dias sem sua filha mais velha, e se matou. A família se dividiu mais ainda quando Lydia acusou o namorado de Claire de ter tentado estuprá-la, mas a irmã não acreditou. 

Claire abandonou a irmã e levou consigo sua mãe, o então namorado Paul, e um futuro brilhante que ele lhe proporcionaria. Já Lydia... Bem, em algum momento da vida ela largou as drogas e conseguiu encontrar motivação suficiente na vida para não acabar em um beco escuro morta por overdose. 

Paul proporcionou a Claire uma vida de princesa. Após a morte de seus pais, o rapaz teve que se dedicar muito para construir a fortuna e o império que comandava. A vida milionária não é para todos, mas certamente era para Paul e Claire. Eles eram perfeitos juntos. Um cara extremamente organizado, que sempre estava satisfeito com a esposa, fazia de tudo para agradá-la, e não media esforços para lhe fazer feliz. Claire havia casado com um homem perfeito, não muito bonito, mas com todos os outros atributos que ele tinha, exigir um galã seria demais. O único que enxergava Claire pelo que ela realmente era. O único que enxergava além da sua beleza. O único que foi capaz de ampará-la em um momento tão doloroso de sua vida. Quando começaram a namorar havia 5 anos desde o desaparecimento de Julia. Ele a amparou quando seu pai decidiu tirar a própria vida e não deixou com que Claire desmoronasse. Quando as acusações de estupro vieram, ele se manteve firme, e fez Claire enxergar que ele era o mundo dela, e que a irmã era uma drogada sem coração que queria destruir a felicidade dos dois. 

Precisava dele. Ele era a âncora que a impedia de ficar à deriva. 

Em uma noite, após saírem de um bar, os dois foram assaltados e Paul foi assassinado. No dia de seu velório, ao chegar em casa, Claire encontra agentes do FBI fazendo uma investigação sobre uma tentativa de roubo dentro da casa. E a partir daí, o que parecia ser só uma ocorrência sem importância, levou Claire a descobertas que ela jamais poderia imaginar. Quem era o homem com quem ela estava casada a tanto tempo? Poderia uma pessoa se enganar tanto a respeito de alguém? Será que Lydia sempre esteve certa sobre Paul? 

Depois de mais essa tragédia na vida de Claire, ela e Lydia acabam se encontrando novamente, e as duas são arrastadas para um mundo sombrio de descobertas das quais elas nunca poderão apagar de suas memórias. A partir daqui, qualquer coisa que eu falar pode ser spoiler

Eu nem sei como começar a falar desse livro. Karin escreve de forma magistral uma história com detalhes assustadores, palpáveis, e traz à tona assuntos sérios que são de extrema importância para nossa sociedade, como: feminismo, estupro, snuff porn e posicionamento político dos jovens. Apesar de ser uma escrita extremamente descritiva, não tem como se cansar de ler, são quase 400 páginas muito bem amarradas e explicadas, e para cada movimento dos personagens existe uma motivação por trás. 

Quando comecei a ler o livro eu não sabia nada sobre a história, não queria criar expectativas, mas tenho certeza que se eu criasse as mais altas que fossem, ainda ficariam abaixo do que a autora construiu nessa história. A forma como a narrativa em terceira pessoa nos apresenta os fatos, nos dá uma dimensão maior do que se passa com os vários personagens. Apesar da trama se concentrar em Claire e Lydia, muitos personagens secundários são essenciais para que tudo tenha uma ligação no final. Eles não ficam avulsos, todos tem um motivo para estarem ali, mesmo que no inicio achemos que eles são desnecessários. 

Karin, ao longo de todo o livro, constrói muito bem o perfil de cada um, e a cada capítulo você consegue se surpreender ainda mais com o que essa autora é capaz de fazer. Quando você acha que já descobriu tudo, desvendou todo o mistério, aparecem mais coisas escondidas que em uma frase, uma vírgula deixamos passar. E isso tudo torna o livro um prato cheio para fãs de um bom mistério, com muito suspense, thriller psicológico e muito drama familiar. 

Tenho certeza que muito estudo foi necessário para elaborar essa trama, e todos os assuntos foram tão bem desenvolvidos na história que eu só consigo parabenizar a autora pelo excelente trabalho que fez. Nada passou em branco, até os assuntos que eram mais desconhecidos pra mim, como a indústria de snuff porn, sua distribuição na deep web, ficaram claros e entendidos. 

Enfim, Karin Slaughter entrou para minha lista de autoras favoritas com apenas uma história. São 395 páginas que valem cada segundo e que com certeza vai te deixar muito ansioso para conhecer as outras obras dela. Nota máxima para esse livro que faz o leitor sair na zona de conforto, se remexer na cadeira, soltar suspiros de susto, de alívio, torcer, formar teorias, pra no final ver que só é a ponta do iceberg e que muito mais o espera pela frente. 

Leiam Flores Partidas e adentrem em um mundo feito para torná-lo inesquecível para o leitor. 

OBS: O conto A garota dos olhos azuis está disponível gratuitamente em e-book e se trata da vida de Julia antes do desaparecimento. Não precisa lê-lo antes de Flores Partidas, mas é interessante termos um vislumbre do perfil de Julia antes da tragédia. Não contém spoilers. Baixe aqui.

MELHOR LIVRO DO ANO!!!

Samara Barroso é formada em Ciências Biológicas e é apaixonada pela natureza, principalmente por morcegos. Colecionadora de Funkos e canecas, viciada em séries, ama ler, e vê nos livros uma oportunidade de viajar, explorar novos universos, fazer novas amizades e a cada leitura consegue se conhecer um pouco mais. Thrillers psicológicos se tornaram sua paixão, mas adora romances, e tem uma estranha fixação em ler diários.

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