Eu Li: Zumbeatles: Paul está morto-vivo - Alan Goldsher

Título: Zumbeatles - Paul está morto vivo
Autor: Alan Goldsher
Editora: Galera Record
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A verdadeira invasão britânica chegou. Eles estão mais mortos-vivos do que nunca.
Nessa divertida releitura da trajetória da mais famosa banda inglesa, acompanhamos os principais acontecimentos na vida desses mitos do século XX... porém com um pequeno detalhe: os músicos são zumbis. Não os lentos e imbecilizados zumbis aos quais estamos acostumados. Mas zumbis espertos, rápidos e cheios de sex appeal. Além de alguns truques de controle mental. Entre sangue, suor, guitarras e iê-iê-iê — e a perseguição do implacável caçador de zumbis Mick Jagger —, eles são atacados por uma ninja do oitavo nível, Yoko Ono, condecorados pela rainha e consolidam uma invasão mundial.

Vamos falar hoje de um livro muito louco.

Na verdade, de cara, já é bem difícil conceituar o que é Zumbeatles. Inicialmente ele é um livro de entrevistas a pessoas que estão relacionadas à carreira dos Beatles. Mas, ao mesmo tempo, ele também é uma biografia da Banda. Até aí tudo certo. A doidice está em juntar um mundo meio distópico onde os zumbis são uma realidade e convivem com a sociedade normalmente (mais ou menos); em fazer com que três dos quatro Beatles sejam zumbis (Ringo Starr escapou pois já era um ninja treinado do sétimo nível); e juntar as mais diversas figuras para serem entrevistadas e falarem sobre as carreira da icônica Banda - desde os próprios Beatles até Jesus Cristo e o Diabo.
E então começou a minha extensa e cara caçada ao Diabo. Se você leu me blog, sabe que me encontrei com um projeto, um guerrilheiro rebelde, um Rastaman, um curandeiro, um homem selvagem, um homem místico natural, um homem das mulheres, um náufrago, um homem de família, um boneco de posto, um jogador de futebol, um showman, um xamã, um humano e um jamaicano, e então, 26.162 dólares depois, em abril de 2007, me encontrei sentado no escritório de bom gosto e bem refrigerado de Mefistófeles, no Sexto Anel, conversando amigavelmente sobre onde a Beatlemania realmente começou.
O Diabo: Ah, sim, foi em Nova York, meu pequeno e lindo jornalista. Muá rá rá rá rá rá rá rá rá! Agora caia fora, seu babaca.
Infelizmente, depois de gastar 25.162 dólares para achar o cara, o Diabo me concedeu apenas 12 segundos do seu tempo. E eu sou o babaca?
O livro todo é construído em primeira pessoa. Alan é o autor e a pessoa que pesquisou e entrevistou todas as pessoas que aparecem no livro, mesmo correndo risco de vida em alguns casos (John Lennon se tornou um tanto violento com o tempo). E, através da fala de todas as entrevistas vamos testemunhando como foi o sucesso e o declínio dos Beatles nesse universo. A história descreve desde a transformação de John em um zumbi, quando ainda era recem nascido (através do Processo Liverpool), como ele transformou vários dos amigos dele em zumbis, como queria dominar o mundo através da música, a formação do quarteto e os primeiros shows e até como vários ninjas caçadores de zumbis tentaram atrapalhar essa carreira (aparentemente Yoko Ono conseguiu). Vale uma menção ao Mick Jagger, um caçador de zumbis que apreciava imensamente a música composta por John Lennon e Paul McCarteney, mas não conseguia suportar a existência dos mortos-vivos. 
Mick Jagger: Quando nos encontramos pela primeira vez, os Beatles não faziam nenhuma ideia da minha postura quanto aos mortos-vivos; tudo o que viam era meu entusiasmo sincero por seu trabalho. Não havia forma de saberem como eu me sentia em relação a zumbis, na verdade. Deixei isso escondido porque, se eu ia me aproximar dele, tinha que ganhar a confiança dos caras. Se achassem que eu estava atrás deles e chegasse em um ataque frontal, eu seria um homem morto. E, se um dos três zumbis não me pegasse, o ninja certamente teria me pegado.
A sensação que eu tive ao ler Zumbeatles foi a de ler uma grande piada. O trabalho que Alan teve para pensar em todo esse universo ficcional com zumbis e imaginar a carreira de uma banda famosa nele é admirável. A história é bem rica e detalhada e fico realmente imaginando como ele parou para pensar nas falas de cada entrevistado. O ponto negativo é que se arrastou demais. O livro tem 350 páginas que refletem basicamente a mesma piada de vários pontos de vista diferentes e em vários períodos de tempo dessa sociedade com zumbis. É até engraçado no início, mas acaba cansando e se tornando repetitivo.

Além disso, alguns trechos eu achei desnecessariamente nojentos e pesados. Ok, talvez a ideia fosse justamente essa e eu não sou o público alvo, mas algumas piadas são realmente exageradas. Cada explicação sobre o processo de se transformar uma pessoa em um zumbi me dava um pouco de enjoo imaginar. Fora que alguns trocadilhos (não sei dizer se foi um problema com a tradução) acabaram sendo meio bobos ou sem noção. 
Para mim, as três melhores coisas sobre ter sido transformado pelo Processo liverpool são que podemos comer e digerir comida humana sem ganhar pesa ou ter que esvaziar nossos intestinos ou bexigas - apesar de sermos conhecidos por expeli gases ocasionalmente; nossa evolução  física cessa aos 50 anos (tenho a mesma aparência desde mais ou menos 1958); e, finalmente, o que mais gosto: apesar de não termos sangue correndo em nossos corpos, ainda podemos ter ereções e orgasmos, embora nossa ejaculação consista de um pó, que algum piadista no século XIX começou a chamar de posperma (...).
Apesar disso achei o livro bom e engraçado. Minha nota final é:


Gerente de projeto, editor de video, de áudio, podcaster, escritor (sem nada publicado) e cozinheiro quando dá tempo.

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