Eu Li: O Espadachim de Carvão - Affonso Solano


Título: O Espadachim de Carvão
Autor: Affonso Solano

Editora: Leya

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Filho de um dos quatro deuses de Kurgala, Adapak vive com o pai em sua ilha sagrada, afastada e adorada pelas diferentes espécies do mundo. Lá, o jovem de pele absolutamente negra e olhos brancos cresceu com todo o conhecimento divino a seu dispor, mas consciente de que nunca poderia deixar sua morada.

Ao completar dezenove anos, no entanto, isso muda.

Testemunhando a ilha ser invadida por um misterioso grupo de assassinos, Adapak se vê forçado a fugir pela vida e se expor aos olhos do mundo pela primeira vez, aplicando seus conhecimentos e uma exótica técnica de combate na busca pela identidade daqueles que desejam a morte dos Deuses de Kurgala.
O Espadachim de carvão é um dos belos exemplares de ficção fantástica da literatura brasileira atual. O livro traz um mundo totalmente novo onde humanos e todo o tipo de criatura convivem juntos. Aqui conhecemos o mundo de Kurgala.
No princípio Kurgala era mar, e os espíritos de Tiamatu e Abzuku sobre ele pairavam. Seus olhos eram o vento curioso e com a espuma das águas escutavam o mundo. E nada mais além Deles existia, pois assim desejavam.
E então os Quatro Que São Um desceram dos céus.

Kurgala é um mundo criado por duas entidades conhecidas como Tiamatu e Abzuku. Foi criado como uma mar gigante e assim permaneceu até a vinda de 4 entidades conhecidas como Dingiri e "Os quatro que são um". Enki’ När, Anu' När, Enlil' När e Nintu' När trouxeram presentes para as entidades criadoras de Kurgala e essas permitiram que os quatro criassem suas casas ali. Cada criou sua própria casa e essas se tornaram a ilhas daquele mundo (Larsuria, Eriduria, Badibiria e Sipparu).

Entretanto depois de muito tempo em suas moradas, os Dingiri se sentiram sozinhos naquele mundo e resolveram criar vida. As criatura mortais então passaram a povoar Kurgala, mas isso desagradou Tiamatu e Abzuku, que decidiram destruir esses seres. Para impedir isso, os Dingiri decidiram enviar Enki' nar para para convencer as entidades do contrário. Entretanto, mesmo sendo o mais sábio dos quatro, ele não conseguiu convencê-los e trancafiou-os em sua própria casa, ao transofrmá-la num deserto de cristal. As outra três entidades não gostaram da atitude de Enki' nar e discutiram por muito tempo. Sem chegar a uma conclusão, cada um se trancou em sua própria casa, para nunca mais sair e a criação e a vida se desenvolveram sem a sabedoria dos Quatro e acabaram caindo em guerra e desgraça.
Mapa de Kurgala
O foco principal da história do livro é no personagem do Adapak. Ele é filho de um de Enki' nar, mas não é como as outras criaturas criadas pelos Quatro. Ele possui a pele negra como carvão (daí o nome do livro) e passou toda a sua infãncia vivendo com seu pai e um templo, sem conhecer o resto do mundo de Kurgala. Os capítulos do livro são intercalados em dois tempos: no passado, contando a infância de Adapak, seu treinamento para dominar o estilo de luta de espadas dos círculos (achei essa técnica ótima) e a sabedoria que seu pai ensina; e no presente onde, aparentemente, Adapak saiu de sua casa para o mundo pois está sendo perseguido por seres desconhecidos.

A trama toda se passa em terceira pessoa e a grande genialidade do texto (além da mitologia, claro) está na capacidade de descrição de Affonso Solano (as lutas são extremamente loucas, mas compreensíveis pela descrição) e no fato do Adapak ser completamente inocente. Ele passou boa parte de sua vida preso junto de seu pai e a única forma como ele conheceu o mundo foi através de livros de fantasia e de enciclopédias. Como ele vê seus personagens favoritos dos livros, Tamtul e Magano, sendo guerreiros nobres e honrados, ele acredita que todo o mundo também é assim. A inocência de Adapak é muito bem utilizada para movimentar a trama, criando desde cenas hilárias, até motivações para o personagem seguir adiante.

A ideia do personagem principal não conhecer Kurgala como ela realmente é, serve tanto para que o autor apresente esse mundo desconhecido para o leitor, como um fator de desenvolvimento. Além disso, o fato de Adapak ser o único ser naquele mundo com pele negra, acaba sendo uma metáfora gigantesca para o preconceito que ele sofre e a estranheza que ele passa para os outros seres.

Um dos poucos pontos fracos é a descrição de algumas das raças que são mais diferentes. Muitas delas diferem da ideia do corpo de um humano (tem três pernas, masi de dois braços, etc.) e o texto acaba falhando um pouco em explicar como essas criaturas lutam, andam e se movimentam. Fora isso, o livro é engraçado, tem uma boa dose de mistério, um plot twist muito interessante, ótimas cenas de ação e é bem curtinho (255 páginas). Recomendo para todo mundo. Minha nota final é:


O Espadachim de carvão é uma coleção. O segundo livro (O Espachim de carvão e as pontes de Puzur) já saiu (Skoob); existe uma HQ que conta a história dos personagens que o Adapk lia quando morava com o seu pai, Tamtul e Magano (Skoob); e o terceiro deverá sair em março do ano que vem. Para o lançamento do dele, o autor, Affonso Solano, está promovendo um financiamento coletivo. E, por mais incrível que pareça, não é para o livro e, sim, para um álbum musical de Opera Rock, inspirado nele. 





No link a seguir é possível contribuir para o projeto. Vale a pena dar uma olhada.

http://kickante.com.br/campanhas/espadachim-de-carvao-tales-of-kurgala


Gerente de projeto, editor de video, de áudio, podcaster, escritor (sem nada publicado) e cozinheiro quando dá tempo.

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