Na Tela #10 - Perdido em Marte



Olá, pessoal Tudo bem? Estou aqui para falar do que, pra mim, é uma das melhores e mais completas adaptações de livro para o cinema: Perdido em Marte. Primeiro, vamos a sinopse do livro:
A capa original é muito mais legal que a cara do Matt Damon...
Título:
Perdido em Marte
Autor:
Andy Weir
Editora:
Arqueiro
Há seis dias, o astronauta Mark Watney se tornou a décima sétima pessoa a pisar em Marte. E, provavelmente, será a primeira a morrer no planeta vermelho. Depois de uma forte tempestade de areia, a missão Ares 3 é abortada e a tripulação vai embora, certa de que Mark morreu em um terrível acidente. Ao despertar, ele se vê completamente sozinho, ferido e sem ter como avisar às pessoas na Terra que está vivo. E, mesmo que conseguisse se comunicar, seus mantimentos terminariam anos antes da chegada de um possível resgate. Ainda assim, Mark não está disposto a desistir. Munido de nada além de curiosidade e de suas habilidades de engenheiro e botânico e um senso de humor inabalável , ele embarca numa luta obstinada pela sobrevivência. Para isso, será o primeiro homem a plantar batatas em Marte e, usando uma genial mistura de cálculos e fita adesiva, vai elaborar um plano para entrar em contato com a Nasa e, quem sabe, sair vivo de lá. Com um forte embasamento científico real e moderno, Perdido em Marte é um suspense memorável e divertido, impulsionado por uma trama que não para de surpreender o leitor.
O livro

Perdido em Marte é um livro que passou meio despercebido. Talvez por hoje em dia, a ficção científica não estar como foco principal, o livro acabou não ganhando tanto foco no seu lançamento em 2014. Só fui saber do que se tratava realmente quando vi o trailer da adaptação para o cinema e fiquei me coçando para ler. Com um “q” meio Náufrago, com bastante ficção científica, física e química da vida real e muito senso de humor, Perdido em Marte tem uma história até bem simples. Não muito no futuro, o programa espacial da NASA já permitiu que duas equipes chegassem ao planeta vermelho. Quando a terceira equipe (na missão Ares 3) inicia sua missão em Marte, é atingida por uma forte tempestade de areia e a missão acaba sendo abortada. Durante a fuga dos astronautas, Mark Watney (biólogo e químico da equipe) é atingido por uma antena e arremessado para longe. O acidente é mortal e a equipe acaba acreditando em sua morte e partindo. Entretanto, Mark sobreviveu e, a partir de agora, terá que descobrir uma forma de sobreviver com os poucos recursos que sobraram durante um prazo suficiente para a NASA busca-lo.
Então, esta é a situação: estou perdido em Marte. Não tenho como me comunicar com a Hermes nem com a Terra. Todos acham que estou morto. Estou em um Hab projetado para durar 31 dias. Se o oxigenador quebrar, vou sufocar. Se o reaproveitador de água quebrar, vou morrer de sede. Se o Hab se romper, vou explodir. Se nada disso acontecer, vou ficar sem alimento e acabar morrendo de fome. Então, é isso mesmo. Estou ferrado.
Quando comecei a leitura, imaginei que seria totalmente melancólico, bem no estilo monólogo depressivo, mas me enganei. Para Mark Watney quase nunca há tempo ruim: por pior que esteja sua situação (e ficar preso em Marte sem comunicação com a Nasa é só o começo) ele sempre tem uma piadinha no bolso.
Mal posso esperar para ter netos: “Quando eu era mais novo, tive que caminhar até a borda de uma cratera. Uma subida usando um traje para AEVs! Em Marte, seu merdinha! Acha que consegue ganhar de mim? Marte!”
A forma como a vida de Mark é desenvolvida em Marte, segue aquele tipo de narrativa “problema > solução > problema maior” que, apesar de um pouco batida hoje em dia, funcionou perfeitamente para o desenvolvimento do texto. A ciência é bem bolada (contém algumas pequenas falhas, claro): cada ideia que Mark tem para levar sua sobrevivência adiante sempre envolve uma pouco de física, química e botânica e o autor faz questão de explicar nos mínimos detalhes o efeito de cada ação. Ainda assim, os diários de bordo de Mark Watney, cheios de explicações científicas não ficam em nenhum momento forçados. Ao contrário, eles são extremamente engraçados. Por outro lado, a ciência utilizada pela NASA, tentando descobrir uma forma de resgatar o astronauta (que por si só já é mais complicada por envolver gravitação e astronomia) tem uns trechos um tanto arrastados. Nada que comprometa o livro, mas para quem não curte o cerne da ficção científica talvez seja meio maçante parar e ler todas as explicações.

A forma como a trama foi dividida é algo a se destacar: em Marte, com Mark contando em vários vídeos e áudios suas experiências e planos para sobreviver o maior tempo possível até que possam buscá-lo; na Terra, com a alta cúpula e os cientistas da NASA tentando descobrir uma forma de salvar o astronauta, ao mesmo tempo que lidam com mídia; e na Hermes, nave onde a equipe da missão Ares 3 está retornando a Terra. Dividindo o texto dessa forma, o livro ficou bastante dinâmico e boa parte do humor está nas conversas entre a NASA e Mark, algo que foi muito bem aproveitado no filme. 

[08:31]JPL: Ótimo, mantenha-nos informados sobre problemas mecânicos ou eletrônicos. A propósito, o nome da sonda que estamos enviando é Iris. É o nome da deusa grega que viajou aos céus com a velocidade do vento. Também é a deusa dos arco-íris. 
[08:47]WATNEY: Sonda gay vindo me salvar. Entendi.

Eu gostei bastante do livro: é bem detalhado, engraçado e imersivo (apesar de que, jamais me imaginaria em situação parecida; provavelmente eu teria morrido no terceiro dia). Minha nota para ele é: 

O Filme
Fui assistir ao filme tendo lido metade do livro. O que posso dizer? Foi um retorno triunfal de Ridley Scott à direção de filmes de ficção científica, depois do fraquíssimo Prometheus. O filme já ganhou dois globos de ouro e foi indicado à 7 categorias do Oscar. Matt Damon no papel de Mark Watney é perfeito. Depois de ter visto o filme, quando voltei para ler a outra metade do livro, não consegui mais imaginar o astronauta em outra forma. 


A adaptação foi extremamente fiel ao livro, tendo a trama sofrido algumas poucas alterações. O Mark do livro se ferra e se machuca muito mais que o do filme. E o final (sem spoilers, claro) ganhou um tom um pouco mais épico no filme. A fotografia é muito bonita com vários takes aéreos das planícies de Marte e várias cenas bem colocadas no cenário desértico do planeta.

Todas as explicações que poderiam ser maçantes no livro foram simplificadas ou reduzidas no filme. Realmente seria muito estranho alguém parar o filme e explicar a teoria da rotação Marte/Terra como é feito no texto. Por outro lado, todo humor do livro é mantido. Com um extra: uma das partes mais engraçadas é o fato de que Mark ficou preso em Marte e o único entretenimento que ele possui é a longa playlist de Disco Music e séries dos anos 80 que a capitã da missão possuía em seu notebook. A trilha sonora oitentista aparece ao longo de todo o filme muito bem aplicada (os créditos finais sobem na tela ao som de I Will Survive).


Outro destaque foi o cast. Tanto os atores que fazem parte do núcleo da trama que trabalha na NASA, quanto os que estão no espaço retornando a Terra tiveram bons desempenhos de atuação. A cena em que o Sean Bean (calma, ele não morreu) explica para os funcionários da NASA o que é o Conselho de Elrond foi um dos melhores fanservices do cinema em 2015.


Em resumo Perdido em Marte foi pra mim uma grata surpresa e um dos melhores filmes de 2015. Minha nota para o filme é:





Espero que tenham gostado da indicação. Até a próxima.
 

Gerente de projeto, editor de video, de áudio, podcaster, escritor (sem nada publicado) e cozinheiro quando dá tempo.

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