Eu Li: A Ilha dos Dissidentes - Bárbara Morais


Título:
A Ilha dos Dissidentes
Autora:
Bárbara Morais
Editora:
Gutenberg
Onde Comprar:
Submarino | Saraiva | FNAC

SER LEVADA PARA uma cidade especial não estava nos planos de Sybil. Tudo o que ela mais queria era sair de Kali, zona paupérrima da guerra entre a União e o Império do Sol, e não precisar entrar para o exército. Mas ela nunca imaginou que pudesse ser um dos anômalos, um grupo especial de pessoas com mutações genéticas que os fazia ter habilidades sobre-humanas inacreditáveis. Como única sobrevivente de um naufrágio, ela agora irá se juntar a uma família adotiva na maior cidade de mutantes do continente e precisará se adaptar a uma nova realidade. E logo aprenderá que ser diferente pode ser ainda mais difícil que viver em um mundo em guerra.


 “A ilha dos dissidentes” é o livro 1 da trilogia “Anômalos”, da autora nacional Bárbara Morais – ou Bell (ex @Mecutuca) – e foi lançando recentemente pela editora Gutenberg. O livro é uma incrível mistura de clichê e inovador. E sim, é um elogio!

Sybil é uma anômala, e ela descobriu da forma mais trágica possível. O navio que a levaria para trabalhar em um campo de refugiados – Titanic III, só para constar – afunda e dentre três mil e quinhentos mortos, ela é a única sobrevivente.Sua mutação se revelou em momentos críticos para sua sobrevivência na água, mas Sybil é experiente em ser sobrevivente. Kali é uma zona de guerra entre a União e o Império do Sol e normalmente as pessoas são mandadas para o exercito. Sybil não queria esse destino. A personagem me chama a atenção de cara se mostrando forte e esperta desde o primeiro capítulo.

“Não desvio o olhar. Em Kali, aprendemos desde pequenos que pessoas com poder – militares, políticos, ricos – gostam de intimidar. Se eu piscar uma vez, ele achará que pode me dominar. Não sustentar seu olhar seria dar permissão para que o abuso continue.”

Quando ela escolheu ir para o campo de refugiados, Sybil não sabia de sua condição. Portanto, jamais imaginaria que iria parar em Pandora, uma grande cidade anômala da União. Diferente de Kali, é fácil se adaptar em Pandora. Sua nova rotina é tranquila com Rubi e Tomás, sua mãe e irmão adotivos e Dimitri, seu tio e cozinheiro.

Tudo em Pandora é especialmente adaptado para as necessidades dos anômalos. Em sua nova escola, ela aprende mais sobre sua habilidade e seus novos amigos são divertidos (principalmente Andrei, que tem um quê de tratante encantador). No entanto, essa rotina tranquila vai se alterar e Sybil perceberá que também existem horrores fora das zonas de guerra.  

“Essa guerra existe desde antes do seu pai ter nascido. Você realmente acha que vai acabar um dia?”

Bárbara Morais criou uma distopia interessante e nos apresenta um novo mundo dividido entre humanos e anômalos. Os dissidentes não aceitam as diferenças das mutações e eles planejam algo. Guerras, conflitos políticos e sociais, preconceitos, direitos violados... o pano de fundo é um espelho de nossa sociedade, só que sem os super-poderes. E, claro, nem sempre a auto-aceitação é fácil para alguns.

 “A impressão que elas têm de você não é a verdade. Não é o respeito delas que vai fazer você melhor ou pior! O que os outros acham de você não a define, e sim como você se vê, a forma como pensa de si mesma."

“A ilha dos dissidentes” é um livro com boas sacadas e críticas inteligentes. O livro 1 é apenas uma introdução para algo maior e, sim, muitas perguntas ficaram sem respostas, no entanto, ele sugere muitas coisas e a construção da história tem grande potencial. Alguns personagens são muito bem construídos. Me apeguei de verdade a alguns e a tensão deles refletiu diretamente em mim. Andrei e Leon são incríveis (e me refiro a personalidades, não apenas as mutações)! Certos personagens foram poucos explorados, como os próprios pais adotivos de Sybil e outros amigos que pareciam que seriam importantes no livro 1, mas não foi o caso.

A narrativa é em primeira pessoa, e Sybil é legal o suficiente para nos dar bons momentos de risos (em diálogos com Andrei, normalmente) e epifanias que nos faz perceber que, droga, a vida não é muito justa! Em certo momento da narrativa a ação dos acontecimentos deixa as tensões à flor da pele e a leitura torna-se dinâmica. Termina rápido demais e OMG KD O LIVRO 2, BELL?!

“A ilha dos dissidentes” é um ótimo começo para essa trilogia que promete (me fazer arrancar os cabelos)! A autora foi meio malvada por terminar bem no meio da construção da história, mas ok.
Mentira, estou ansiosíssima pela continuação!



Fernanda Karen Estudante de Serviço Social com o coração no curso de Letras. Apaixonada por séries, dramas e café. Bookaholic irrecuperável e promiscua literária. Eventualmente estou trocando um de meus rins por livros muito desejados. (Qualquer coisa é só entrar em contato). Amo YA, ficção-fantasia, clássicos (brasileiros, portugueses, ingleses, latinos etc), chick-lits... Perceberam que meu preconceito literário é zero? Ops, quase zero; não leio auto-ajuda.

Formada em administração de empresas, tem fascinação por aprender idiomas (nem sempre é bem sucedida, mas vale a tentativa). É apaixonada por livros, fez muitos amigos por causa deles, e os usa para conhecer novos lugares e realidades. É também uma ARMY orgulhosa.

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