Eu Li: Puros - Julianna Baggott


Título:
Puros
Autora:
Julianna Baggott
Editora:
Intrínseca
Onde Comprar:
Submarino | Saraiva | FNAC

Pressia pouco se lembra das Explosões ou de sua vida no Antes. Deitada no armário de dormir, nos fundos de uma antiga barbearia em ruínas onde se esconde com o avô, ela pensa em tudo o que foi perdido — como um mundo com parques incríveis, cinemas, festas de aniversário, pais e mães foi reduzido a somente cinzas e poeira, cicatrizes, queimaduras, corpos mutilados e fundidos. Agora, em uma época em que todos os jovens são obrigados a se entregar às milícias para, com sorte, serem treinados ou, se tiverem azar, abatidos, Pressia não pode mais fingir que ainda é uma criança. Sua única saída é fugir.
Houve, porém, quem escapasse ileso do Apocalipse.
Esses são os Puros, mantidos a salvo das cinzas pelo Domo, que protege seus corpos saudáveis e superiores. Partridge é um desses privilegiados, mas não se sente assim. Filho de um dos homens mais influentes do Domo, ele, assim como Pressia, pensa nas perdas. Talvez porque sua própria família se desfez: o pai é emocionalmente distante, o irmão cometeu o suicídio e a mãe não conseguiu chegar ao abrigo do Domo. Ou talvez seja a claustrofobia, a sensação de que o Domo se transformou em uma prisão de regras extremamente rígidas. Quando uma frase dita sem querer dá a entender que sua mãe pode estar viva, ele arrisca tudo e sai à sua procura.
Dois universos opostos se chocam quando Pressia e Partridge se encontram. Porém, eles logo percebem que para alcançarem o que desejam — e continuar vivos — precisarão unir suas forças.

Há nove anos atrás aconteceram as explosões, e Pressia é uma das sobreviventes desse evento.Ela não se lembra muito do Antes, e só sabe do que seu avô conta para ela, mas tudo parece impossível de se acreditar.  Nesse mundo onde Pressia sobrevive, um mundo de cinzas, medo e fome, todos tem algum tipo de cicatriz, seja em razão de mutilações ou porque se fundiram a algo durante as explosões nucleares: pessoas fundidas a animais e agora chamadas de Feras; pessoas que se fundiram com a terra e são chamados de Poeiras; pessoas que se fundiram a objetos, como relógios, carros, facas; e também pessoas que se fundiram a outras pessoas, e agora são chamados de Grupais. Pressia também tem suas cicatrizes e a cabeça de sua boneca fundida a sua mão, fazendo parte dela para sempre. 

Porém nem todos sofreram as consequências das explosões. Nesse mundo de horrores existe um Domo, um local iluminado e limpo que abriga os Puros, aqueles que saíram totalmente ilesos do ataque. Os habitantes são considerados superiores por alguns e chegam a ser idolatrados, como se fossem deuses, mas outros, como a OBR, agora os chefões do lugar, pretende um dia derrubá-los. 

Partridge é um dos Puros, mas não se sente muito privilegiado, pois apesar de ser filho de um dos membros mais poderosos do Domo, seu irmão se suicidou, sua mão morreu nas explosões e seu pai não é realmente um pai para ele. Ele toma uma decisão muito importante quando resolve fugir do Domo com a suspeita de que sua mãe esteja viva, e ao ser salvo por Pressia de ser devorado por um Grupal, começa a perceber a crueldade e os horrores que os 'miseráveis', como são conhecidos os sobreviventes de fora do Domo, precisam suportar. E então eles se unem na busca pela mãe de Partridge, dando início a uma aventura muitas vezes brutal.

Eu fiz muitas interrupções durante a leitura devido ao horror e a brutalidade de muitos aspectos desse enredo. Eu precisei digerir algumas cenas antes de continuar. Não é uma leitura para qualquer um, tem que ter estomago e coração fortes para imaginar toda a situação, todo esse ambiente de fome e pessoas deformadas e mutiladas, mas mesmo assim é fascinante! É fascinante e interessante, e tirando as pequenas interrupções,eu o li de um fôlego só. 

Eu amei o modo como a vida de diferentes personagens começa ase entrelaçar e pessoas para quem você não dava nada se mostram mais valorosas do que sua aparência poderia indicar. A esperança implícita, o medo latente, a coragem, a força, tudo nos personagens me agradou. E a trama não deixou nada a desejar, em minha opinião. 

Talvez alguns realmente não consigam imaginar todos os aspectos ou os achem um pouco exagerados, mas eu gostei de saber que a autora se baseou em um livro sobre a verdadeira história dos sobreviventes das bombas jogadas em Hiroshima e Nagasaki para criar seus personagens e suas deformidades. Isso tornou tudo muito mais real na minha cabeça, e por isso mesmo mais horroroso. Saber que seres humanos são capazes de fazer isso com outros seres humanos é nauseante. E a desculpa dada pela autora para os ataques do livro podem muito bem ser real daqui a um tempo. 

Eu amei o livro, e ao mesmo tempo em que é bonito ver a vontade de sobreviver, apesar de tudo, e o papel que o amor tem nessa superação, também deixa uma sensação triste pelos personagens. A autora não nos poupou de perdas significativas, e eu estou ansiosa para saber o que será dos que restaram no próximo livro da trilogia. Não há suspiros, nem risadas, mas sim tensão do início ao fim. Hiper-mega-super recomendado!



Formada em administração de empresas, tem fascinação por aprender idiomas (nem sempre é bem sucedida, mas vale a tentativa). É apaixonada por livros, fez muitos amigos por causa deles, e os usa para conhecer novos lugares e realidades. É também uma ARMY orgulhosa.

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