Eu Li: Eu Estive Aqui - Gayle Forman



Título:
Eu Estive Aqui
Autora:
Gayle Forman
Editora:
Arqueiro
Onde Comprar:
Submarino | Saraiva | FNAC

Quando sua melhor amiga, Meg, toma um frasco de veneno sozinha num quarto de motel, Cody fica chocada e arrasada. Ela e Meg compartilhavam tudo... Como podia não ter previsto aquilo, como não percebera nenhum sinal?
A pedido dos pais de Meg, Cody viaja a Tacoma, onde a amiga fazia faculdade, para reunir seus pertences. Lá, acaba descobrindo muitas coisas que Meg não havia lhe contado. Conhece seus colegas de quarto, o tipo de pessoa com quem Cody nunca teria esbarrado em sua cidadezinha no fim do mundo. E conhece Ben McCallister, o guitarrista zombeteiro que se envolveu com Meg e tem os próprios segredos.
Porém, sua maior descoberta ocorre quando recebe dos pais de Meg o notebook da melhor amiga. Vasculhando o computador, Cody dá de cara com um arquivo criptografado, impossível de abrir. Até que um colega nerd consegue desbloqueá-lo... e de repente tudo o que ela pensou que sabia sobre a morte de Meg é posto em dúvida.
Eu estive aqui é Gayle Forman em sua melhor forma, uma história tensa, comovente e redentora que mostra que é possível seguir em frente mesmo diante de uma perda indescritível.

“Eu estive aqui” é o 5° livro que leio de Gayle Forman (amo Gayle Forman) e minhas expectativas estavam no céu. E já sabemos que não é saudável voar demais com as expectativas, não é mesmo? Lembrem-se disso, amigos. 

Mesmo com a narrativa meio melancólica que tanto amo, “Eu estive aqui” não me tocou como os livros anteriores da autora, apesar do tema ser pesado e até surpreendente. 

Cody acabou de perder sua amiga Meg. Ela tomou veneno num quarto de motel e ainda deixou uma bela gorjeta para a camareira. Meg era (aparentemente) um espirito singular, no sentido de plenitude. Ela tinha uma boa família, estava numa boa faculdade, suas expectativas sempre foram ótimas e Cody não consegue entender o que havia de tão terrível em sua vida para que ela desistisse dessa forma.

No que diz respeito à narrativa, a perspectiva de Cody é um banho de água fria no leitor. O que é muito conveniente, diga-se de passagem. A vida de Cody nunca foi um mar de rosas e ela tinha apenas Meg e sua família para se apoiar. Mas Cody, mesmo contra toda a probabilidade, conseguiu se manter e seguir em frente.

“Você nunca desistiu... e talvez tivesse mais motivos para isso. Você tinha um monte de pedras nas mãos, então resolveu limpá-las, deixá-las bonitas e fez um colar. Meg ganhou um colar de jóias e se enforcou com ele.”

Se o livro tivesse apenas essa atmosfera de superação, sem ser auto-ajuda, como Gayle Forman normalmente trabalhou em seus livros anteriores que li, eu estaria estirada no chão até agora, mas aí entra os personagens. Cody conhece um ex-peguete de Meg e, a primeira vista ele é tão babaca que, claro, Cody se interessaria por ele. Mesmo sabendo que o envolvimento com Meg foi nocivo, ela vai sentir atração. Isso foi tremendamente clichê para romantizar o texto e, honestamente, achei bem infeliz.

Então o enredo volta a ficar interessante, pois teremos uma espécie de investigação de Cody para tentar descobrir um pouco mais sobre o intento de Meg. Então ela acaba chegando num site de “estimulo ao suicídio” e isso sim é bem interessante para quem nunca ouviu falar no assunto.

Lembrei de uma reportagem que li há alguns anos sobre um jovem brasileiro que se matou inalando monóxido de carbono. Ele tinha 16 anos e era envolvido com tais sites que o incentivaram a “fazer a coisa certa” e os "amigos virtuais" até apresentaram opções mais viáveis para conseguir o objetivo. Isso é extremamente assustador e muito real e ainda não tinha lido nenhum livro de ficção que abordasse o assunto de forma tão direta.

“Eu estive aqui” foi lançado pela editora Arqueiro no Brasil e aborda assuntos interessantes de uma perspectiva frágil, porém real. A narrativa de Gayle Forman é tão boa, amigos. Envolve sentimento de uma forma concreta. Pena que sua abordagem romântica foi chata, senão seria um livro perfeito com boas informações sobre enfrentamentos internos. 


Assistente social apaixonada por livros. Militante da transformação social através da literatura.

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