Havia uma jovem garota que morava numa cabana no topo de uma solitária colina, tão solitária quanto à própria garota era. Não havia ninguém lá ao nascer do sol, e assim era enquanto a noite quieta permanecia. Tinha segredos sem ninguém para contar e todas as noites ela sentava na macia grama de seu quintal, seus longos cabelos ruivos ondulando ao vento, e se punha a contemplar a imensidão do céu, os olhos azuis refletindo o brilho das estrelas lá no alto, desejando estar em algum outro lugar além daquele infinito de pequenas luzes.
Nada sabia do seu passado, se é que tinha um, nem o que esperar do futuro, sua única lembrança era de ter despertado no topo daquela colina, sozinha e com frio. Com o tempo aprendera a viver (ou será que já sabia?) com os recursos da floresta que se estendia no amplo vale ao redor da colina: havia construído uma cabana no exato lugar em que dera conta de si pela primeira vez, passou a cultivar plantas da floresta e a pescar no pequeno rio que a cruzava.
E assim vivera por longo tempo, até que em uma noite, apenas uma noite comum, enquanto observava o céu, simplesmente tentando entender, viu uma das estrelas subitamente se aproximar, à medida que seu coração se acelerava, e cair em um ponto na floresta lá embaixo. Nada parecido havia acontecido até então, imediatamente se pôs a descer eufórica até a floresta na direção em que achava que a estrela havia caído, até que, ofegante, chegou a uma enorme clareira. No centro, havia um garoto parado, apenas um garoto comum, mas ele estava olhando para o céu.
Seus cabelos eram prateados como a enorme estrela que de tempos em tempos aparecia no céu com variadas formas – e que nessa noite exibia uma forma esférica. Ao notá-la ali, o observando admirada, lentamente girou a cabeça em sua direção e ela pôde ver que tinha os olhos iguais aos seus, brilhantes de um azul profundo. O garoto perguntou se ela gostaria de se juntar a ele e ir além, bem longe. Subitamente, ela teve a sensação de que havia encontrado exatamente o que estava procurando. Ele estendeu a mão e continuou "Venha, deixe eu lhe mostrar algo. Venha, seus sonhos estão bem aqui na palma da minha mão". E quando ele falava, ele falava palavras comuns, apesar de não parecer, porque ela sentia o que não tinha sentido antes e seria capaz de jurar que aquelas palavras podiam curar. "Por favor, pegue minha mão, veja o que eu vejo, vamos tocar as estrelas!” – insistia ele – “O tempo não irá correr. O tempo não passará. Você consegue sentir?".
E ela sentia. Caminhou até ele e, sem hesitar, pegou a mão estendida daquele estranho e enquanto olhava entre aqueles olhos, a visão dele se tornou a dela e ela percebeu que ele não era nenhum estranho, porque havia acreditado nele o tempo todo.
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Já passo dos vinte anos, sou chato como se tivesse sessenta, mas às vezes acho que ainda não saí dos dezesseis. Estou no último ano da faculdade de computação e a única certeza que levo dessa vida é que se você é jovem ainda, jovem ainda, jovem ainda, amanhã velho será, velho será, velho será. Contato para shows: 190.