Eu Li: É assim que acaba - Colleen Hoover


Título:
É assim que acaba
Autora: 
Colleen Hoover
Editora: 
Galera Record
Ano:
2018

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Um romance sobre a força necessária para fazer as escolhas corretas nas situações mais difíceis. Da autora das séries Slammed e Hopeless.
Lily nem sempre teve uma vida fácil, mas isso nunca a impediu de trabalhar arduamente para conquistar a vida tão sonhada. Ela percorreu um longo caminho desde a infância, em uma cidadezinha no Maine: se formou em marketing, mudou para Boston e abriu a própria loja. Então, quando se sente atraída por um lindo neurocirurgião chamado Ryle Kincaid, tudo parece perfeito demais para ser verdade. Ryle é confiante, teimoso, talvez até um pouco arrogante. Ele também é sensível, brilhante e se sente atraído por Lily. Porém, sua grande aversão a relacionamentos é perturbadora. Além de estar sobrecarregada com as questões sobre seu novo relacionamento, Lily não consegue tirar Atlas Corrigan da cabeça — seu primeiro amor e a ligação com o passado que ela deixou para trás. Ele era seu protetor, alguém com quem tinha grande afinidade. Quando Atlas reaparece de repente, tudo que Lily construiu com Ryle fica em risco. Com um livro ousado e extremamente pessoal, Colleen Hoover conta uma história arrasadora, mas também inovadora, que não tem medo de discutir temas como abuso e violência doméstica. Uma narrativa inesquecível sobre um amor que custa caro demais.

A história de hoje fala sobre relacionamento abusivo. 
É um tema pesado e desagradável mas que existe e precisa ser cada vez mais ser problematizado. 
A autora Collen Hoover tem formação em Serviço Social, como eu, e em seus livros sempre tem alguma temática conflituosa e interessante que nos convida à reflexão. Algumas vezes ela pode perder a mão, sim, como em "O lado feio do amor", onde ela romantiza uma relação claramente negativa para a protagonista, no entanto, quando ela acerta também precisamos admitir. 
Em "É assim que acaba" ela vai abordar de forma lenta, porém eficaz, um relacionamento amoroso que tem tudo para ser perfeito. Um casal inteligente, interessante e disponíveis (são bonitos e ricos também mas isso não é tão importante nesse contexto). Ambos estão em suas melhores fases profissionais e eles se interligam de uma maneira incrível. 

Lily se mudou para Boston para superar um passado triste repleto de violações. Seu pai agredia a sua mãe e ela vivenciou essa rotina de violência por tempo demais. Agora, adulta e dona de si, ela sabe muito bem o que não quer em um relacionamento à dois. 
Ryle é um neurocirurgião muito atraente, inteligente e confiante. Ele quer uma carreira de sucesso e, até conhecer Lily, nunca teve interesse nenhum em formalizar romances. 
No entanto, eles se encontraram e é tudo lindo, até Ryle perder a cabeça. 
Em alguns momentos de aborrecimento ou muito estresse ele acaba perdendo o controle e, bem, machuca Lily. Começa com um empurrão e vai evoluindo para agressões que ela conhece muito bem pois viu sua mãe passar por aquilo de perto. 

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A narrativa é da perspectiva de Lily e, com ela, temos a percepção de todos os seus conflitos internos; de como a busca de justificativas para as desculpas está sempre a espreita, assim como a dor de saber que a pessoa que te ama é capaz de te machucar, bem como a força de sua decisão definitiva. 
São personagens humanos que erram e acertam mas qual é o limite do perdão? 

Paralelo ao arco de Lily e Ryle, também temos Atlan. Esse personagem fez parte do passado de Lily e conhecemos a sua história através de diários da protagonista em forma de carta para Ellen DeGeneres (sim, aquela apresentadora de TV americana). 
Atlan foi uma pessoa muito importante na formação de caráter de Lily e eles voltam a se encontrar depois de adultos e será um dos grandes pivôs dos descontroles de Ryle. 

Colleen Hoover escreveu esta história baseada na vida de seus pais. Isso significa que tem uma percepção muito particular e pessoal para ela. A história é sobre relacionamento abusivo, sim, mas é também sobre força e determinação. 
Li em algumas resenhas que a autora justifica os atos de Ryle e discordo. 
Ela o humaniza, sim, mas precisamos ter a perspectiva que agressores não são monstros. Eles são homens (e mulheres) criminosos. Defini-los como monstros é que justifica seus atos pois, nesse ponto de vista, eles seguem seus puros instintos. 
Nesse livro não há abordagem de bom e mau, afinal, todos temos um pouco dessa dicotomia. A questão é como lidamos com alguns fatos e, sobretudo, com as suas consequências. 

Não somos animais irracionais que estão autorizados a agir por instintos, por explicável que seja a situação. Somos seres humanos que respondemos por nossas condutas. 
Ryle definitivamente não teve o final mais adequado porém Lily teve o privilegio de tomar a sua decisão que deu um desfecho definitivo aos dois. Infelizmente, na vida real, nem todas as mulheres tem essa chance. 

Gostei muito da reflexão que "É assim que acaba" me trouxe e convido à vocês, leitores, a terem sua própria percepção da obra. Com um assunto delicado, como esse, tenho certeza que as opiniões são diversas. 

Leiam!


INFORMAÇÕES IMPORTANTES

Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006) estabelece que, após o Boletim de Ocorrência (B.O.), o caso seja remetido ao juiz em, no máximo, 48 horas. A Justiça também tem 48 horas para analisar e julgar a concessão das medidas protetivas de urgência. As denuncias podem ser realizadas na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM) ou no Disque 180 de forma anônima e gratuita. 

Espero que nenhuma de nós tenha que passar por isso algum dia mas, caso essa realidade cruel nos encontre, é relevante saber que existe suporte legal para dar suporte. 


Assistente social apaixonada por livros. Militante da transformação social através da literatura.

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